Bahia de Todos os Campos
Por RAFAEL KLEIN*
Sempre olhei o mar da Bahia com uma certa reverência.
Não só pela beleza – que é infinita – mas por ter trazido em suas ondas, de alguma forma, a nossa história.
Ok, diante do que o Brasil se transformou dá vontade de xingar o litoral baiano, mas convenhamos que ele não tem culpa por termos desaguado numa fossa deste tamanho.
Ainda assim o mar da Bahia continua lá, lindo. Com a majestade de quem é o decano das praias brasileiras.
Por ele chegaram portugueses, africanos, franceses, holandeses e turistas de todo canto do planeta. Também chegou uma vez o Amyr Klink, mas esse, aparentemente, é de outro planeta.
Agora quem resolveu desembarcar nas águas da Bahia foram as manchas de óleo. Mais uma violência ambiental a machucar o país que é bonito por e pela sua natureza.
Talvez, por ser filho dessas águas, o Esporte Clube Bahia tomou uma atitude do tamanho da sua grandeza: "manchou" as camisas do próximo jogo.
Um manifesto perfeito, mostrando que o clube mergulhou de cabeça no século XXI, onde organizações não se limitam apenas ao que acontece dentro das suas atividades. Principalmente organizações ligadas ao futebol.
No Brasil, o futebol é a maior forma de expressão social e o Bahia entendeu isso perfeitamente.
Agora é torcer pra que o mar da Bahia se recupere e que os outros times do Brasil também mergulhem na modernidade.
Por enquanto, o Bahia navega na frente e diz: "siga o líder".
Porque futebol não se joga só em campo. E, por isso mesmo, o tricolor baiano é hoje o maior clube do Brasil.
*Rafael Klein é publicitário.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/