A volta de Gerson
Por ROBERTO VIEIRA
O estádio explode no Fla Flu.
O antigo Canhotinha pede pra entrar.
No lugar do craque do time.
A torcida rubro-negra pensa vaiar.
Mas o profundo respeito impede.
Ele é imortal.
A careca é a mesma do México.
Mas as décadas parecem pesar nas chuteiras.
Até que a bola, caprichosa, esquece os outros amantes na festa.
E sai pra bailar perfume de mulher com ele.
O toque inteligente.
A mão apontando os atalhos.
O Maracanã de joelhos diante da sua adolescência.
O lançamento alcança o vazio.
O Fluminense empata como num sonho.
Dois minutos depois.
A bola sobra para Ele na meia lua.
Uma bomba indefensável estufa o barbante.
Dá pra ver Albertosi voando.
Zaps, twitters, instagrams divulgam a notícia.
O futebol vive.
Apito final.
Gerson pede um cigarro pro gandula.
Troca camisa com Gabigol.
Jesus?
Pede a bênção.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/