Topo

Blog do Juca Kfouri

Neymar voltou de bicicleta no jogo do rabo entre as pernas

Juca Kfouri

14/09/2019 14h29

Desta vez não foram as canetas, as bolas entre as pernas, os chapéus ou os gols de Neymar que mais despertaram a atenção do mundo do futebol.

Hoje o que o Parque dos Príncipes testemunhou foi um candidato a rei exercer seu mandato com o rabo entre as pernas, derrotado pelo emir catariano que fez ver a ele quem manda.

Fez o bilionário do Qatar o papel que Neymar Jr. não teve quem o ensinasse em casa.

Educou-o, ao menos, no que diz respeito a cumprir o contrato que assinou.

Tomara que dos mais talentosos craques da atualidade tenha aprendido a lição e transforme a humilhação mundial a que foi submetido em amadurecimento e possa, daqui para frente, se dedicar a seu ofício com a seriedade que pode levá-lo ao topo.

Depende do Júnior.

Só dele.

Em campo, diante da natural desconfiança dos parisienses aos quais deu as costas, o Peter Pan brasileiro mostrou o que sabe e o que pode.

Em seu primeiro passo para o longo caminho em direção ao perdão, Neymar foi bem.

Ao enfrentar a frágil equipe do Strasbourg, antepenúltima colocada no Campeonato Francês com apenas três pontos em quatro jogos, sem ter Cavani e Mbappé a seu lado, todas as atenções estavam voltadas para ele.

O zagueiro brasileiro Marquinhos, poupado para o jogo contra o Real Madrid pela Copa dos Campeões no meio da semana que vem, recebeu homenagem com enorme banner antes do começo do jogo.

As vaias foram inclementes a cada vez que o ex-santista pegava na bola.

Antes, na entrada no gramado para o aquecimento, ele ouviu um coro, em espanhol, xingando sua mãe.

(Pena que, novamente, a transmissão pela DAZN vira e mexe ficava nublada).

Aos 15 minutos Neymar deu lindo passe de letra, sem consequência.

Aos 30', tentou gol por cobertura. E tome vaias.

O jogo era lamentável.

Porque o futebol francês só é bom quando reunido na seleção…

De fora da área, aos 43', Neymar buscou o ângulo esquerdo do gol e falhou, em chute perigoso.

O chocho 0 a 0 seguia estampado no placar quando o segundo tempo começou.

Quem viu, horas antes, Liverpool 3, Newcastle 1, com show de Mané, Firmino e Salah, pedia para a Ligue 1 pegar o EuroTúnel para a Premiere League.

Pela direita, aos 55', Neymar teve a chance do 1 a 0, mas, sem ângulo, não deu. Vaias.

Em seguida, deu um chapeuzinho, mas perdeu a bola. Mais vaias.

Devia estar louco para fazer um gol, como todos estávamos para ver a reação do torcedor.

(No segundo tempo, ao menos, a transmissão se estabilizou, porque no primeiro passou mais nublada que nítida).

Aos 75', Neymar penetrou na área como um raio pela esquerda e o goleirão belga Matz Sels evitou o que seria um golaço.

Mas quem brilhava mesmo era o goleiro costa-riquenho Navas, que estreava no PSG, e salvara dois gols do Strasbourg, um em cada tempo.

Pelo que faziam em campo, Neymar, jogando mais centralizado, não merecia as vaias dos ultras, embora não brilhasse. Mas Di Maria, sim, as mereceria, pois jogava muito mal.

Aos 85' Neymar bateu escanteio na trave!

E aos 90', de bicicleta, fez o gol da vitória.

Bicicleta, aqui, é uma licença poética.

Porque, convenhamos, voleio aos 90', em jogo 0 a 0, merece uma promoção.

A maioria da torcida aplaudiu.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/