Baile de gala e de gols do Mengão
Antes do segundo minuto no Maracanã lotado, um susto: Willian recebeu lançamento de Luiz Adriano na intermediária, foi à linha e deu na medida para Matheus Fernandes escorar para o fundo da rede: 1 a 0.
Só que não!
O VAR pegou Willian em milimétrico impedimento, daqueles que o jogador não busca levar vantagem no posicionamento. Enfim…
Passado o susto, o Flamengo foi à luta empurrado pela cantoria enlouquecida da Nação e, aos 10', a perfeita triangulação entre Bruno Henrique, De Arrascaeta e Gabigol terminou, de cavadinha, no 1 a 0 para o Rubro-Negro.
Gustavo Gomez errou na saída de bola e o erro foi fatal.
O volume de jogo, modernamente chamado de intensidade, rubro-negro não ficava atrás do que se vê no Campeonato Inglês.
O torcedor do líder do Brasileirão já pensava nos dois próximos sábados, nas duas rodadas que fecham o primeiro turno: contra o Avaí, no Mané Garrincha, e no Maracanã, contra o Santos, outro clássico para mostrar como o estádio ficou pequeno.
O palmeirense sofria com a terceira derrota em sete jogos sem vitória desde a volta da Copa América e tinha o desafio de virar pela primeira vez desde a volta de Felipão.
Como habitual no jeito de ser de Jorge Jesus, o Flamengo seguiu em busca de ampliar.
Só dava Flamengo e Gerson gastava a bola mais uma vez.
Rafinha avançou em diagonal, entregou para Everton Ribeiro que bateu cruzado, mas ninguém chegou a tempo de fazer o 2 a 0, aos 31'.
Gabigol dançou na frente de Felipe Melo e o estádio foi à loucura.
Que bela tarde de futebol brasileiro!
E, aos 37', Bruno Henrique desceu pela direita e pôs na testa de Arrascaeta que cumprimentou para fazer 2 a 0, facilmente.
O Flamengo simplesmente sobrava em campo.
O 3 a 0 só não aconteceu no minuto seguinte porque Vítor Hugo salvou na pequena área.
Senhoras e senhores, havia um massacre no Maracanã e era impossível não lembrar da Alemanha de vermelho e preto no Mineirão.
Felipão via seu time grogue no gramado e mandava, como não fez em Belo Horizonte, quebrar o ritmo do baile para tentar reagir no segundo tempo.
No fim, como no começo, o Palmeiras fez o gol, mas Vítor Hugo estava também milimetricamente impedido.
Repita-se: será preciso mudar a regra do impedimento e determinar que estará impedido o atacante que estiver um corpo à frente do penúltimo defensor.
Só assim se obedecerá fielmente o espírito da lei.
O Palmeiras voltou com Raphael Veiga no lugar de Matheus Fernandes, embora Bruno Henrique estivesse pior.
Antes do quinto minuto o Flamengo já chutara três vezes ao gol de Weverton, contra apenas uma pontada alviverde, que obrigou Diego Alves a sair da área de cabeça.
(Pausa para uma constatação que o torcedor rubro-negro não vai gostar: Tite precisa convocar Gerson, um monstro).
Diego Barbosa fez pênalti em Rafinha e Gabigol fez 3 a 0, 14º gol do artilheiro do Brasileirão, aos 15', porque só faz quem bate.
Pênalti discutível, diga-se de passagem.
O Palmeiras de branco e verde nem de longe lembrava o de verde e branco do começo do campeonato.
E pôs Gustavo Scarpa no lugar de Willian.
Não havia um jogador rubro-negro jogando mal.
Não havia um alviverde jogando bem.
E antes do 20° minuto a torcida dava olé na arquibancada, teste para os nervos de Felipe Melo no gramado que, ainda por cima, ouvia a massa lembrar que o Palmeiras está eliminado da Libertadores.
Piris da Motta substituiu De Arrascaeta.
E Gustavo Gomez solou as costas de Bruno Henrique para receber o cartão vermelho direto, aos 37', sinal do desequilíbrio absoluto que assola a vida palmeirense, embora, em tese, com um jogo para fazer contra o Fluminense, na casa verde, o time esteja potencialmente apenas três pontos atrás de Flamengo e Santos.
Bruno Henrique saiu e Berrío entrou diante de 65.969 torcedores (61.390 pagantes), ou um pouco menos porque boa parte da minoria verde já tinha ido embora.
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