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Blog do Juca Kfouri

Baile de gala e de gols do Mengão

Juca Kfouri

01/09/2019 17h53

Antes do segundo minuto no Maracanã lotado, um susto: Willian recebeu lançamento de Luiz Adriano na intermediária, foi à linha e deu na medida para Matheus Fernandes escorar para o fundo da rede: 1 a 0.

Só que não!

O VAR pegou Willian em milimétrico impedimento, daqueles que o jogador não busca levar vantagem no posicionamento. Enfim…

Passado o susto, o Flamengo foi à luta empurrado pela cantoria enlouquecida da Nação e, aos 10', a perfeita triangulação entre Bruno Henrique, De Arrascaeta e Gabigol terminou, de cavadinha, no 1 a 0 para o Rubro-Negro.

Gustavo Gomez errou na saída de bola e o erro foi fatal.

O volume de jogo, modernamente chamado de intensidade, rubro-negro não ficava atrás do que se vê no Campeonato Inglês.

O torcedor do líder do Brasileirão já pensava nos dois próximos sábados, nas duas rodadas que fecham o primeiro turno: contra o Avaí, no Mané Garrincha, e no Maracanã, contra o Santos, outro clássico para mostrar como o estádio ficou pequeno.

O palmeirense sofria com a terceira derrota em sete jogos sem vitória desde a volta da Copa América e tinha o desafio de virar pela primeira vez desde a volta de Felipão.

Como habitual no jeito de ser de Jorge Jesus, o Flamengo seguiu em busca de ampliar.

Só dava Flamengo e Gerson gastava a bola mais uma vez.

Rafinha avançou em diagonal, entregou para Everton Ribeiro que bateu cruzado, mas ninguém chegou a tempo de fazer o 2 a 0, aos 31'.

Gabigol dançou na frente de Felipe Melo e o estádio foi à loucura.

Que bela tarde de futebol brasileiro!

E, aos 37', Bruno Henrique desceu pela direita e pôs na testa de Arrascaeta que cumprimentou para fazer 2 a 0, facilmente.

O Flamengo simplesmente sobrava em campo.

O 3 a 0 só não aconteceu no minuto seguinte porque Vítor Hugo salvou na pequena área.

Senhoras e senhores, havia um massacre no Maracanã e era impossível não lembrar da Alemanha de vermelho e preto no Mineirão.

Felipão via seu time grogue no gramado e mandava, como não fez em Belo Horizonte, quebrar o ritmo do baile para tentar reagir no segundo tempo.

No fim, como no começo, o Palmeiras fez o gol, mas Vítor Hugo estava também milimetricamente impedido.

Repita-se: será preciso mudar a regra do impedimento e determinar que estará impedido o atacante que estiver um corpo à frente do penúltimo defensor.

Só assim se obedecerá fielmente o espírito da lei.

O Palmeiras voltou com Raphael Veiga no lugar de Matheus Fernandes, embora Bruno Henrique estivesse pior.

Antes do quinto minuto o Flamengo já chutara três vezes ao gol de Weverton, contra apenas uma pontada alviverde, que obrigou Diego Alves a sair da área de cabeça.

(Pausa para uma constatação que o torcedor rubro-negro não vai gostar: Tite precisa convocar Gerson, um monstro).

Diego Barbosa fez pênalti em Rafinha e Gabigol fez 3 a 0, 14º gol do artilheiro do Brasileirão, aos 15', porque só faz quem bate.

Pênalti discutível, diga-se de passagem.

O Palmeiras de branco e verde nem de longe lembrava o de verde e branco do começo do campeonato.

E pôs Gustavo Scarpa no lugar de Willian.

Não havia um jogador rubro-negro jogando mal.

Não havia um alviverde jogando bem.

E antes do 20° minuto a torcida dava olé na arquibancada, teste para os nervos de Felipe Melo no gramado que, ainda por cima, ouvia a massa lembrar que o Palmeiras está eliminado da Libertadores.

Piris da Motta substituiu De Arrascaeta.

E Gustavo Gomez solou as costas de Bruno Henrique para receber o cartão vermelho direto, aos 37', sinal do desequilíbrio absoluto que assola a vida palmeirense, embora, em tese, com um jogo para fazer contra o Fluminense, na casa verde, o time esteja potencialmente apenas três pontos atrás de Flamengo e Santos.

Bruno Henrique saiu e Berrío entrou diante de 65.969 torcedores (61.390 pagantes), ou um pouco menos porque boa parte da minoria verde já tinha ido embora.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/