O Chile morreu na véspera
Como você estudou em História, Chile e Peru, mais a Bolívia, ao lado do Peru, guerrearam, em fins do século 19, por questões de fronteiras e riquezas em territórios anexados pelos chilenos, vencedores da chamada Guerra do Pacífico.
Por isso era de se esperar um jogo guerreado, como os entre Argentina e Inglaterra, por exemplo.
E o Peru do técnico argentino, ex-Palmeiras, Ricardo Gareca surpreendeu o Chile do treinador colombiano, ex-Flamengo, Reinaldo Rueda.
Em sete minutos no péssimo gramado da Arena Grêmio, o colorado Guerrero deu o primeiro gol ao santista Cueva que o desperdiçou miseravelmente e o ex-colorado Aranguiz fez o mesmo do outro lado.
Ninguém esperava flores do embate, muito menos os chilenos que viram, aos 20 minutos, o Peru sair na frente com…Flores.
O jogo que indicaria o adversário do Brasil na final da Copa América era o melhor do torneio em seu primeiro tempo, lá e cá, veloz, intenso.
Habituado a jogar com bola no chão e trocar passes, o Chile não conseguia articular uma jogada e provavelmente se queixará do gramado.
Mais voluntarioso e guerreiro, o Peru atormentava a vida chilena.
E, aos 37', o ex-vascaíno Yotún, de fora da área e sem o goleiro Árias que havia saído tresloucadamente da dita cuja, fez 2 a 0, para deixar perplexos os bicampeões continentais.
Sete minutos depois Gallese fez milagre ao evitar o primeiro gol chileno e o intervalo chegou com a confortável vantagem peruana.
Era o Chile quem morria na véspera, favorito de todos para chegar ao Maracanã.
Como era de se prever o Chile voltou com tudo para a etapa final e logo aos 5' Vargas cabeceou na trave peruana, que havia perdido Flores, machucado e trocado por González.
O Chile trocou, no intervalo, Fuenzalida por Sagal.
Aos 14', aproveitando o espaço que o Chile deixava, quatro peruanos desceram em contra-ataque contra dois chilenos e de Guerrero para Cueva e dele para Yotún viu-se o volante perder um gol incrível.
O tempo passava e a vitória peruana se desenhava em cores cada vez mais nítidas.
Tite certamente comemorava, embora jamais vá confessar e saiba que o 5 a 0 da Arena Corinthians foi uma coisa e a decisão da Copa é outra.
Mas, de fato, jogar contra o Chile seria muito mais complicado pela confiança que os chilenos teriam em chegar pela terceira vez seguida à decisão.
Aos 30', Gallese fez novo milagre cara a cara com Vargas.
Cinco minutos depois, livre, Arturo Vidal perdeu gol de cabeça.
Aos 36', Gallese evitou, rente à trave, gol de Aranguiz, o melhor chileno em campo.
O goleiro peruano que foi mal contra o Brasil, já era o nome do jogo.
Na batata, o placar moral do jogo era 5 a 4.
Mas o real era mesmo 2 a 0 e assim foi até o fim, quando, aos 46', Guerrero driblou o goleiro e fez 3 a 0. Só não entrou com bola e tudo porque não quis.
Oitava finalização peruana, terceiro gol, contra 17 do Chile.
Ainda houve tempo para o VAR marcar um pênalti e VARgas bateu de cavadinha para Gallese pegar, com uma mão.
Até que o jogo acabou pacífico.
Brasil x Peru decidirão a Copa América às cinco em ponto da tarde do domingo no Maracanã.
Argentina e Chile, protagonistas das duas últimas decisões, disputarão o terceiro lugar em Itaquera, o jogo que ninguém quer jogar, às 16h de sábado.
O Brasil jogará em busca do eneacampeonato e o Peru atrás do tri.
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