Os japoneses não respeitaram os uruguaios e os uruguaios não respeitaram os japoneses
Se é bom sempre respeitar os uruguaios, não é menos importante respeitar, também, os japoneses.
Não é que a garotada nipônica enfrentou o experiente time platino de igual para igual, praticamente dividiu o tempo de posse de bola e o número de finalizações no primeiro tempo?
A dupla Godín e Giménez sofreu com o atrevimento do ataque asiático e o diferencial foi Cavani, com grande atuação e um pelotaço no travessão quando o jogo já estava 1 a 1.
Porque o Japão abriu o marcador com Miyoshi, aos 24 minutos, em belo contra-ataque e se aproveitando de que o lateral-esquerdo Laxalt sentiu uma fisgada no músculo e não pôde acompanhá-lo.
O Uruguai só empatou oito minutos depois, com Suárez cobrando pênalti em Cavani assinalado por intromissão do VAR e inexistente, embora o assoprador de apito tenha ido conferir na tela.
Vai mal o VAR na América do Sul.
O jovem time japonês surpreendia e o maduro time uruguaio teria de jogar ainda mais para virar no segundo tempo.
Pior ficou para o VAR, logo no começo do segundo tempo, quando o endiabrado Nakajima deu um rolinho em dois uruguaios e foi derrubado por González, dentro da área, e a arbitragem por vídeo mandou o jogo seguir sem que o assoprador fosse ver o lance.
A camisa celeste pesou no VAR, está na cara.
Conmebol e CBF são capazes disso, estamos vendo tanto nas competições nacionais quanto na Copa América.
Mas diante do nosso ministro da Justiça, tudo faz sentido.
Afora isso, o jogo estava muito gostoso e com chances divididas, gols perdidos dos dois lados, um deles por Cavani, inacreditável.
Como quem não faz, toma, o goleiro Muslera cortou um cruzamento para dentro da área e Miyoshi não perdoou, aos 13'.
De Arrascaeta foi chamado por Óscar Tabárez porque a coisa estava feia.
Suárez e Cavani chutavam de fora da área e o goleiro Kawashima defendia com arte.
Mas não foi capaz de evitar o empate de Giménez, de cabeça no primeiro pau, em cobrança de escanteio pela esquerda, aos 20'.
Mais de 33 mil torcedores viam ótimo espetáculo na Arena Grêmio, com o Uruguai partindo para pressão em busca da virada e com o Japão ameaçando fazer mais um.
Lodeiro saiu aos 28' para Valverde jogar.
Difícil dizer quem será campeão da Copa América, mas fácil prever que o Japão irá atrás da medalha de ouro olímpica, em Tóquio, no ano que vem.
Verdade é que o empate não fazia justiça ao andamento do jogo, dadas as intervenções do VAR, ambas a dano do Japão.
Verdade, também, que, aos 34', Suárez, de cabeça, atingiu novamente a trave japonesa, como Cavani havia feito no primeiro tempo.
Kubo, o Messi japonês, no campo aos 36'.
O jogo se aproximava do fim deixando a impressão de que os japoneses não respeitaram a tradição uruguaia e foram para cima.
Já os uruguaios não respeitaram a juventude japonesa e quando acordaram a coisa estava feia.
Desrespeito pra lá, desrespeito pra cá, empate!
E, cá entre nós, os hermanos devem dar gracias ao VAR.
Disparado, o melhor jogo até aqui da Copa América.
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