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Blog do Juca Kfouri

Os japoneses não respeitaram os uruguaios e os uruguaios não respeitaram os japoneses

Juca Kfouri

20/06/2019 21h57

Se é bom sempre respeitar os uruguaios, não é menos importante respeitar, também, os japoneses.

Não é que a garotada nipônica enfrentou o experiente time platino de igual para igual, praticamente dividiu o tempo de posse de bola e o número de finalizações no primeiro tempo?

A dupla Godín e Giménez sofreu com o atrevimento do ataque asiático e o diferencial foi Cavani, com grande atuação e um pelotaço no travessão quando o jogo já estava 1 a 1.

Porque o Japão abriu o marcador com Miyoshi, aos 24 minutos, em belo contra-ataque e se aproveitando de que o lateral-esquerdo Laxalt sentiu uma fisgada no músculo e não pôde acompanhá-lo.

O Uruguai só empatou oito minutos depois, com Suárez cobrando pênalti em Cavani assinalado por intromissão do VAR e inexistente, embora o assoprador de apito tenha ido conferir na tela.

Vai mal o VAR na América do Sul.

O jovem time japonês surpreendia e o maduro time uruguaio teria de jogar ainda mais para virar no segundo tempo.

Pior ficou para o VAR, logo no começo do segundo tempo, quando o endiabrado Nakajima deu um rolinho em dois uruguaios e foi derrubado por González, dentro da área, e a arbitragem por vídeo mandou o jogo seguir sem que o assoprador fosse ver o lance.

A camisa celeste pesou no VAR, está na cara.

Conmebol e CBF são capazes disso, estamos vendo tanto nas competições nacionais quanto na Copa América.

Mas diante do nosso ministro da Justiça, tudo faz sentido.

Afora isso, o jogo estava muito gostoso e com chances divididas, gols perdidos dos dois lados, um deles por Cavani, inacreditável.

Como quem não faz, toma, o goleiro Muslera cortou um cruzamento para dentro da área e Miyoshi não perdoou, aos 13'.

De Arrascaeta foi chamado por Óscar Tabárez porque a coisa estava feia.

Suárez e Cavani chutavam de fora da área e o goleiro Kawashima defendia com arte.

Mas não foi capaz de evitar o empate de Giménez, de cabeça no primeiro pau, em cobrança de escanteio pela esquerda, aos 20'.

Mais de 33 mil torcedores viam ótimo espetáculo na Arena Grêmio, com o Uruguai partindo para pressão em busca da virada e com o Japão ameaçando fazer mais um.

Lodeiro saiu aos 28' para Valverde jogar.

Difícil dizer quem será campeão da Copa América, mas fácil prever que o Japão irá atrás da medalha de ouro olímpica, em Tóquio, no ano que vem.

Verdade é que o empate não fazia justiça ao andamento do jogo, dadas as intervenções do VAR, ambas a dano do Japão.

Verdade, também, que, aos 34', Suárez, de cabeça, atingiu novamente a trave japonesa, como Cavani havia feito no primeiro tempo.

Kubo, o Messi japonês, no campo aos 36'.

O jogo se aproximava do fim deixando a impressão de que os japoneses não respeitaram a tradição uruguaia e foram para cima.

Já os uruguaios não respeitaram a juventude japonesa e quando acordaram a coisa estava feia.

Desrespeito pra lá, desrespeito pra cá, empate!

E, cá entre nós, os hermanos devem dar gracias ao VAR.

Disparado, o melhor jogo até aqui da Copa América.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/