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Blog do Juca Kfouri

30 vezes Corinthians!

Juca Kfouri

21/04/2019 18h00

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Uma pelada!

Os primeiros 25 minutos da decisão paulista foram isso: peladaça!

Nenhum chute a gol, a única intenção dos dois times era a de ter a bola.

Quando a tinham, davam chutão.

Então, aos 25 minutos, para coroar, houve uma quase briga.

Era o máximo em emoção…

Aos 30', enfim, Bruno Alves, de peito, evitou gol de Henrique.

Na cobrança do escanteio, Sornoza pôs na cabeça de Ralf e ele devolveu na cabeça de Danilo Avelar para abrir o placar: 1 a 0!

Quem sabe assim o São Paulo resolvesse tentar jogar em vez de só se defender.

O Corinthians ganhava o Majestoso pela oitava vez em 11 jogos em Itaquera, superlotada, sem nenhuma derrota.

E encaminhava seu 30° título estadual para ser o primeiro a ganhar o quarto tricampeonato, habilitando-se a ser o primeiro tetracampeão no profissionalismo, no ano que vem — só o Paulistano foi tetra, ainda no amadorismo.

Fábio Carille repetia Guido Giacominelli, o técnico tricampeão em 1922/23/24.

Giacominelli era também presidente do clube, o que, pensando bem, seria ótimo se Carille também o imitasse nisso.

Mas faltava ainda muito jogo, quer dizer, antijogo.

Aos 40', Tiago Volpi evitou o 2 a 0, em chute de Fagner.

Cássio, ou um cone, daria no mesmo.

Mas o futebol é caprichoso.

Ao desperdiçar um contra-ataque fácil, o Corinthians proporcionou outro ao São Paulo e Antony, em linda jogada, livrou-se de Avelar e chutou rasteiro, no canto, para fazer 1 a 1.

Ironia: quem deu a bola para Antony foi Ralf.

No primeiro chute chute tricolor…

Ufa!

Quem sabe teríamos futebol no segundo tempo.

Certamente Cuca mexeria no time para o segundo tempo.

E Hernanes entrou no lugar de Everton Felipe.

Com dez minutos do segundo tempo não havia acontecido rigorosamente nada.

Incrível!

Decisão…

Até Itaquera estava morna.

O São Paulo ficava mais com a bola, Hudson ganhava todas de Clayson e Arboleda tornava Gustavo inútil.

Os idiotas de sempre gritavam bicha a cada devolução de Tiago Volpi.

Aos 20', continuava a acontecer nada, com o primeiro chute a gol, de Gustavo para defesa fácil.

Então Carille resolveu botar Vagner Love no jogo e Cuca pôs Léo Pelé.

Saíram Pedrinho e Jucilei.

Reinaldo foi jogar no meio de campo.

Caía a noite e, se fosse possível, o nível da pelada.

Qualquer um que fizesse gol não merecia o prêmio.

Qualquer um que sofresse merecia o castigo.

Acovardados e medíocres.

Ramiro era uma caricatura do jogador que foi no Grêmio e a bola não chegava nos pés de Hernanes.

William Farias entrou no São Paulo e Boselli no Corinthians, aos 27', saindo Gustavo e Everton, machucado, para variar.

Aos 30', tudo igual, nada de nada, a não ser a saída de Henrique e a entrada de Pedro Henrique, por motivo físico.

Estavam feitas todas as alterações possíveis e o cheiro de pênaltis era forte em Itaquera.

O jogo era para ser visto em silêncio. Não por respeito, mas como protesto.

Diante de 46.481 heróicos e maltratados pagantes.

Chegamos aos 40'. Sem comentários.

Aos 44, Vagner Love, em passe brilhante de Sornoza, bateu de primeira e fez 2 a 1.

O castigo que o São Paulo mereceu.

Clayson e Boselli ainda desperdiçaram o terceiro gol em mais um contra-ataque fácil.

Corinthians 30 vezes campeão!

Desculpe perguntar: mas, e daí?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/