Tecniquês
POR RAFAEL KLEIN*
Já temos uma forte candidata para a próxima vaga da Academia Brasileira de Letras: a cadeira de técnico da CBF.
(Pode parecer um desrespeito com os membros da Academia, mas eles convidaram o Sarney primeiro, é bom lembrar).
Vejamos: Guimarães Rosa à parte, ninguém no país conseguiu criar mais neologismos do que as pessoas que sentaram ali.
Bastou o sujeito virar técnico da Seleção (e começar a ser pressionado), que logo ele começa a trazer novas contribuições para o léxico do esporte.
Coutinho trouxe o "Ponto futuro", o "Overlapping" e a "Polivalência".
Lazaroni nos apresentou ao "Pijama-training", ao "Lastro físico" e a "Interação Sinérgica".
Parreira, não chegou a inventar um neologismo, mas mostrou que é bom de realismo fantástico ao dizer que "o gol é apenas um detalhe" e que "a CBF é o Brasil que deu certo".
Leão trouxe "o volante nota 7" para o meio-campo brasileiro.
Dunga também não criou neologismos, mas popularizou os palavrões.
Agora Tite nos apresenta os "Extremos Desequilibrantes" e as "Sinapses no último terço".
O próximo técnico há de trazer o "Movimento de Prevenção", para justificar as faltas, a "Saída Orbital" para os chutões da zaga e o "Massacre Ilusório" para dizer que os 7×1 não foi nada daquilo.
Mas lembrem-se: os professores, coitados, não tem nada a ver com isso.
A culpa é da cadeira.
*Rafael Klein é publicitário.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/