Defesa! Defesa! Defesa!
Se você gosta de basquete, você segue a NBA.
Se você segue a NBA, você ouve as torcidas gritarem "defense, defense, defense!", sempre que o time visitante ataca.
Negar a importância de saber se defender é um despautério.
Daí a vibrar com uma bola bem roubada, com um toco, um bloqueio, um rebote defensivo, faz parte. Muita parte.
Tanto no basquete, como no vôlei ou no futebol.
Qualquer futebol.
O americano, inclusive.
Domingo passado mesmo, o Super Bowl teve uma contagem baixa, a mais baixa de todos os tempos, desde 1967, quando teve sua primeira edição, com clara superioridade das defesas, placar final de apenas 13 a 3, apenas um touchdown.
No ano passado foi 41 a 33.
No sábado, o Dérbi Paulistano terminou 1 a 0, porque os vencedores quase só se defenderam.
Sua torcida não gritou "defesa, defesa, defesa", porque não estava no estádio, palco de torcida única.
Mas nem que estivesse, ou se o jogo fosse na casa dos ganhadores, ninguém faria isso.
Até quando é que não se sabe.
O que se sabe é que o Super Bowl foi um porre.
O futebol, no Brasil, tem sido.
Porque na NBA e na Premier League, embora ninguém descuide de se defender, a melhor defesa segue sendo o ataque.
O basquete é cada vez mais um jogo de cestas de três pontos e de contra-ataques, com contagens espetaculares.
O Manchester City se defende dentro da lógica de partir para cima em busca de recuperar a bola assim que a perde.
Ter a bola é essencial.
Defender não é sinônimo de retrancar, ou não deveria ser.
Mas há quem prefira deixar a bola com o adversário e tentar surpreendê-lo numa jogada esporádica.
Também vale, é claro, e quando resulta em vitória o torcedor fica feliz, o autor do gol se transforma em herói improvável e o técnico mantém o emprego, além de eventualmente ser tratado como genial.
O espetáculo que se dane!
Defesa, defesa, defesa!
Era mais divertido quando a torcida brasileira pedia "mais um, mais um, mais um!".
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/