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Blog do Juca Kfouri

Corinthians vence graças a Gustagol, o garçom

Juca Kfouri

24/02/2019 20h52

Aos 32 minutos de jogo, no estádio Santa Cruz com pouca gente (5.925 torcedores), Cássio teve de se virar para evitar o primeiro gol do Botafogo de Ribeirão Preto que dominava o misto do Corinthians sem maiores dificuldades.

O problema do Botinha não era chutar a gol, mas, sim, de chutar no gol.

Já o do Corinthians era chutar, fosse como fosse.

Deprimente.

Aos 40', para sorte do Alvinegro, Plinio deixou a chuteira nas costas de Ramiro e foi corretamente expulso de campo.

A torcida do Botinha gritava vergonha para o árbitro, mas deveria gritar para o seu desleal zagueiro.

Desleal e pouco inteligente, para dizer o mínimo.

O técnico Roberto Cavalo teria de conviver com seu time com dez durante todo o segundo tempo.

Era de se esperar que Fábio Carille tivesse uma boa conversa com seus jogadores que simplesmente estiveram em campo, mas não jogaram bulhufas.

Este pobre blogueiro completava 315 minutos de nenhum gol e mau futebol, em dois jogos ingleses e dois paulistas.

Pior: já tinha ido dormir de cabeça inchada depois de ver, de madrugada, a surpreendente derrota do Golden State Warriors, em casa, para o Houston Rockets, sem James Harden, por 118 a 112.

Bem, ainda tinha o segundo tempo e a esperança é a última que morre.

Ramiro não voltou e Clayson entrou em seu lugar.

Boselli, enfim, pegou na bola.

Mas para dar a saída do segundo tempo e você não vai acreditar no que ele fez: abriu na esquerda para Clayson com um passe tão forte que a bola saiu pela lateral…

Pedrinho entrou no lugar de Júnior Urso, aos 17', e o Alvinegro era incapaz de se aproveitar de ter um jogador a mais, embora, ao menos, não fosse mais pressionado pelo Botinha, num jogo simplesmente pavoroso.

Gustagol foi chamado para o lugar de Vagner Love aos 23' porque de gol não havia nem cheiro.

O maranhense Pimentinha, 1,65m, 31 anos, infernizava a defesa corintiana pela direita, ele que entrou aos 16'. Parece mentira, mas é verdade.

Aos 30' eu já me perguntava: por que não estudei para ser engenheiro, médico ou advogado?

Poderia até estar vendo jogo do meu time, talvez tivesse visto os dois jogos ingleses, certamente não teria visto o do São Paulo e, melhor, não teria de escrever nem comentar sobre o que acontecia em Ribeirão Preto, onde, na verdade, não acontecia nada.

Que coisa!

Aí, Pedrinho cruzou na área, Gustagol subiu e deu de cabeça para Boselli fazer 1 a 0, aos 37'.

UM GOL! ENFIM! UM GOL!

60 segundos antes o argentino tinha sido empurrado na área, mas acho que só eu vi.

Não faz mal.

Espero que Carille tenha visto que se o Corinthians jogar assim contra o Racing, em Avellaneda, na quarta-feira, levará uma sova de criar bicho e dirá adeus à Copa Sul-Americana sem dignidade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/