São Paulo cala São Januário
Sob tempo nublado, mas com 26 graus de temperatura, no Pacaembu não inteiramente tomado, aos 38 minutos, o artilheiro Gabriel Novaes, de cabeça, num passe perfeito de Antony, abriu o placar da decisão da 50a. Copa São Paulo.
Infelizmente, em lance nascido com falta na saída de bola da defesa paulista.
O Soberaninho saía na frente para devolver a derrota na decisão de 1992.
Até ali, o São Paulo estava melhor que o Vasco, mas os goleiros não tinham trabalho, num jogo disputado, mais nervoso, o que é natural, que com brilho.
Pingos grossos caiam sobre o gramado segundos antes do gol que fez a torcida tricolor trovoar de felicidade.
Era justo.
Os meninos paulistas foram para o intervalo a 45 minutos do tetracampeonato.
E para os supersticiosos é bom lembrar que na primeira vez em que o São Paulo ganhou a Copinha, em 1993, o time principal foi campeão da Libertadores, da Recopa e do Mundial de clubes.
Na segunda, em 2000, o time dos grandões ganhou o campeonato estadual.
Na 12ª decisão entre Rio e São Paulo os aniversariantes do dia em que a capital paulista comemora 465 anos ganhavam apenas pela quarta vez.
Uma chuva forte desabou no intervalo para castigar, refrescar?, os mais de 33 mil torcedores presentes.
O segundo tempo começou sob temporal e fortíssima ventania.
Suspeita, diga-se, de ser uma ventania paulistana, porque contra a meta carioca.
São Paulo, antigamente conhecida como a terra da garoa, sofria uma verdadeira tempestade de verão.
Neste embalo, aos 7', o Tricolor desceu em contra-ataque num passe preciso de Rodrigo Nestor para Antony e o garoto ampliou, dançando na chuva na frente do zagueiro Gabriel Norões e do goleiro vascaíno Alexander.
Dois minutos depois Caio Lopes teve a primeira chance de gol cruzmaltina e desperdiçou bisonhamente ao bater fraco da marca de pênalti, para fácil defesa de Thiago Couto.
Não demorou muito e, de novo, Caio Lopes teve a oportunidade e bateu fraco.
Aos 14' foi a vez de Tiago Reis poder descontar, mas chutou por cima.
Em meio à tormenta, o São Paulo procurava controlar o assédio do barquinho do Almirante, que soçobrava.
Valente, a garotada vascaína não desistia e, aos 30', em cobrança de falta, Lucas Santos não deixou margem para Thiago Couto e diminuiu.
Tinha jogo, muito jogo pela frente.
Só dava Vasco na Pauliceia.
E o prêmio veio nos pés do artilheiro Tiago Reis, aos 38', ao receber cruzamento pela esquerda na cara do gol.
Sensacional!!!
O jogo estava empatado 2 a 2!
E também era justo.
O Vasquinho também é time da virada.
Vasquinho, é claro, é forma carinhosa de tratar a meninada, porque Vascãozinho pode ser mal interpretado.
Outra vez, como em 1992, a decisão ia para marca do pênalti.
Então, quem empatou 1 a 1 foi o Tricolor.
Mas sair de 0 a 2 para 2 a 2 parecia dar vantagem psicológica aos cariocas para ganharem pela nona vez no embate contra os paulistas.
O barquinho do Almirante virou poderoso submarino.
Vieram os pênaltis.
Ed Carlos pôs o São Paulo na frente.
Lucas Santos empatou.
Morato fez 2 a 1.
Tiago Reis bateu e Tiago Couto pegou!
Tuta fez 3 a 1.
Gabriel Norões bateu no travessão.
Marco Junior bateu o tetra para fora…
Riquelme bateu e Tiago Couto deu o tetra ao Soberaninho!
Os meninos do Tricolor jogaram carecas em solidariedade à pequena torcedora Larissa, de 6 anos, em tratamento de câncer.
Vale mais que que mil taças.
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