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Blog do Juca Kfouri

São Paulo cala São Januário

Juca Kfouri

25/01/2019 17h41

Sob tempo nublado, mas com 26 graus de temperatura, no Pacaembu não inteiramente tomado, aos 38 minutos, o artilheiro Gabriel Novaes, de cabeça, num passe perfeito de Antony, abriu o placar da decisão da 50a. Copa São Paulo.

Infelizmente, em lance nascido com falta na saída de bola da defesa paulista.

O Soberaninho saía na frente para devolver a derrota na decisão de 1992.

Até ali, o São Paulo estava melhor que o Vasco, mas os goleiros não tinham trabalho, num jogo disputado, mais nervoso, o que é natural, que com brilho.

Pingos grossos caiam sobre o gramado segundos antes do gol que fez a torcida tricolor trovoar de felicidade.

Era justo.

Os meninos paulistas foram para o intervalo a 45 minutos do tetracampeonato.

E para os supersticiosos é bom lembrar que na primeira vez em que o São Paulo ganhou a Copinha, em 1993, o time principal foi campeão da Libertadores, da Recopa e do Mundial de clubes.

Na segunda, em 2000, o time dos grandões ganhou o campeonato estadual.

Na 12ª decisão entre Rio e São Paulo os aniversariantes do dia em que a capital paulista comemora 465 anos ganhavam apenas pela quarta vez.

Uma chuva forte desabou no intervalo para castigar, refrescar?, os mais de 33 mil torcedores presentes.

O segundo tempo começou sob temporal e fortíssima ventania.

Suspeita, diga-se, de ser uma ventania paulistana, porque contra a meta carioca.

São Paulo, antigamente conhecida como a terra da garoa, sofria uma verdadeira tempestade de verão.

Neste embalo, aos 7', o Tricolor desceu em contra-ataque num passe preciso de Rodrigo Nestor para Antony e o garoto ampliou, dançando na chuva na frente do zagueiro Gabriel Norões e do goleiro vascaíno Alexander.

Dois minutos depois Caio Lopes teve a primeira chance de gol cruzmaltina e desperdiçou bisonhamente ao bater fraco da marca de pênalti, para fácil defesa de Thiago Couto.

Não demorou muito e, de novo, Caio Lopes teve a oportunidade e bateu fraco.

Aos 14' foi a vez de Tiago Reis poder descontar, mas chutou por cima.

Em meio à tormenta, o São Paulo procurava controlar o assédio do barquinho do Almirante, que soçobrava.

Valente, a garotada vascaína não desistia e, aos 30', em cobrança de falta, Lucas Santos não deixou margem para Thiago Couto e diminuiu.

Tinha jogo, muito jogo pela frente.

Só dava Vasco na Pauliceia.

E o prêmio veio nos pés do artilheiro Tiago Reis, aos 38', ao receber cruzamento pela esquerda na cara do gol.

Sensacional!!!

O jogo estava empatado 2 a 2!

E também era justo.

O Vasquinho também é time da virada.

Vasquinho, é claro, é forma carinhosa de tratar a meninada, porque Vascãozinho pode ser mal interpretado.

Outra vez, como em 1992, a decisão ia para marca do pênalti.

Então, quem empatou 1 a 1 foi o Tricolor.

Mas sair de 0 a 2 para 2 a 2 parecia dar vantagem psicológica aos cariocas para ganharem pela nona vez no embate contra os paulistas.

O barquinho do Almirante virou poderoso submarino.

Vieram os pênaltis.

Ed Carlos pôs o São Paulo na frente.

Lucas Santos empatou.

Morato fez 2 a 1.

Tiago Reis bateu e Tiago Couto pegou!

Tuta fez 3 a 1.

Gabriel Norões bateu no travessão.

Marco Junior bateu o tetra para fora…

Riquelme bateu e Tiago Couto deu o tetra ao Soberaninho!

Os meninos do Tricolor jogaram carecas em solidariedade à pequena torcedora Larissa, de 6 anos, em tratamento de câncer.

Vale mais que que mil taças.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/