Igor Julião, exemplo raro no futebol
Amanhã o Fluminense estreia no Campeonato Carioca contra o Volta Redonda, no Maracanã.
E o lateral-direito Igor Julião começará a temporada em evidência.
Ao voltar de um jogo do Tricolor no Maracanã, no fim do Brasileirão 2018, "chocou a web" ao ser flagrado no metrô – mesmo afirmando que deveria ser normal fazer o mesmo trajeto de milhares de trabalhadores no Brasil.
No fim do ano passado, não só mostrou qualidade em campo, ajudando o Flu a escapar do rebaixamento, mas também nos microfones, com coragem para falar de temas não usuais no meio do futebol.
Cria de Bento Ribeiro, berço de Ronaldo Fenômeno, Igor Julião disse, em entrevista a Leo Burla, UOL Esporte, (AQUI) que todo ano lê um livro do filósfo alemão Nietzsche, tem quadros da mexicana Frida Kahlo, votou para presidente com uma camiseta de Marielle Franco, pediu mais voz às mulheres, levantou a bandeira da democracia e da legalidade do aborto e ainda ressaltou apoio aos homossexuais no futebol.
Usuário do Twitter, voltou a surpreender respondendo uma provocação de um torcedor no dia 30 de dezembro.
"Sou descendente de escravos e indígenas. Fui bolsista nos colégios particulares que estudei e terminei o ensino médio em uma escola pública. Tive um tio homossexual que se suicidou há um mês, por não suportar mais homofobia. Defendo tudo o que eu vivo", escreveu.
Que o diga Paulo André sobre as dificuldades de lutar pela democracia e expressar as opiniões em um meio como o futebol.
Igor Julião pode ser avaliado – elogiado e criticado – pelo que faz em campo, mas não pode ser perseguido por falar o que pensa.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/