Os primeiros da Abril
Segundo a edição de 13 de setembro de 2016 da revista Exame, da Editora Abril, os três irmãos Civita — Gianca, Titi e Roberta — acumulavam uma fortuna de US$ 3,3 bilhões.
Hoje, a empresa, em recuperação judicial, deve cerca de R$ 110 milhões a 800 funcionários demitidos quando a Abril já havia decidido pedir a recuperação judicial.
Mas apesar da quantia ser irrisória diante da fortuna dos três irmãos (mais de 10 bilhões em reais), eles optaram por transformar os demitidos em credores também à espera da aceitação, na Justiça, do acordo de recuperação judicial.
Como se os trabalhadores fossem os bancos ou fornecedores, para os quais a empresa deve R$ 1,6 bilhão.
A desfaçatez e a insensibilidade parecem não ter limites, razão pela qual os demitidos criaram um canal no YouTube para mostrar seus drama: "Vítimas da Abril".
Admito meu constrangimento em tratar do assunto, pois trabalhei na Abril entre 1970 e 1995.
Até hoje a tudo assisti entristecido e perplexo, mas permanecer em silêncio, diante da barbaridade que trio está cometendo, beiraria à cumplicidade.
Afastados da empresa, os três irmãos Civita nada têm de Luisinho, Huguinho e Zezinho, os simpáticos sobrinhos do Pato Donald — na verdade mais se parecem três porquinhos.
Vivem nababescamente com a fortuna criada pelo avô Victor Civita, dilapidada em parte pelo pai Roberto e herdada por eles, nem aí para, ao menos, poderem andar pelas ruas do país com um mínimo de dignidade.
Fundada em 1950, a Editora Abril experimentou diversas tentativas de salvamento, mas se afundou ao longo dos últimos anos com discurso marqueteiro e leviano.
Poderia, ao menos, pagar quem a fez grande, seus ex-funcionários.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/