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Blog do Juca Kfouri

Um Grêmio de encher os olhos

Juca Kfouri

24/10/2018 00h39

De se tirar o chapéu os primeiros 40 minutos do Grêmio no incessantemente cantante Monumental de Nuñez.

Sem Luan e Éverton, o Grêmio simplesmente não deixou o River Plate jogar como fez nos últimos minutos do primeiro tempo, quando conseguiu levar Marcelo Grohe a fazer duas defesas valiosas.

Até então, apenas uma vez o goleiro brasileiro teve de agir.

Kannemann jogava à argentina atrás, valoroso xerife e Jael, na frente, brigava para reter a bola, fazer o pivô, não dar paz à zaga portenha.

Se a técnica não era refinada, taticamente o Grêmio beirava à perfeição.

Restava saber se o Tricolor conseguiria manter o esforço no segundo tempo diante da maneira como o River terminou o primeiro.

E continuou, obrigando a defesa gaúcha a se virar enquanto o tempo passava.

O que levou Kannemann a receber um cartão amarelo que o tira do jogo da volta, desfalque grave, porque Bressan não, pelamordedeus Renato Gaúcho.

Em seguida, aos 16 minutos, escanteio pela esquerda batido por Alisson no primeiro poste e Michel subiu de cabeça para fazer o preciosíssimo 1 a 0 para o Imortal, o tal gol qualificado.

O Monumental não parou de cantar, como sempre, mas metade do Rio Grande do Sul se levantou em uníssono.

O blog aposta em que, também em Buenos Aires no hotel do Palmeiras, Felipão também gritou de satisfação.

Mais do que de se tirar o chapéu, era um Grêmio de encher os olhos.

E de comover pelo espírito copeiro.

O contra-ataque passou a ser, ainda mais, a arma gremista e, aos 33', por pouco não saiu o segundo gol, com Leonardo tirando tinta da trave.

A arbitragem peruana estava impecável e Thonny Anderson substituiu Jael, aos 37'.

O jogo chegava aos 40 minutos e o estádio à beira de um ataque de nervos.

Thaciano entrou aos 43' no lugar de Ramiro, para jogar os derradeiros sete minutos.

Que foram, é claro, tensos, de pressão argentina em busca do empate.

O Grêmio está muito perto de mais uma final de Libertadores, com frieza, sangue, suor e lágrimas.

A invencibilidade do River foi para o espaço sideral e, como se sabe, a Terra é azul.

Lágrimas de alegria, muita alegria, justa alegria.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/