O 10 e a 15 (Pelé e Rachel de Queiroz)
POR ROBERTO VIEIRA
Era um tempo diverso.
Professor era respeitado.
Diziamos muito obrigado.
Pedíamos licença para falar com os mais velhos.
Livros eram sagrados – mágicos até.
A escola era o sonho de todos os pais.
O filho doutor, sonho de todas as mães.
Todos sabiam a exceção que era Pelé.
Pelé que também só sossegou ao terminar a Faculdade.
Na mesma turma do goleiro Leão.
Claro que o mundo não era perfeito.
Havia fome, miséria, casebres, coronéis e voto de cabresto.
Mas sempre havia um pião.
Uma bola de gude.
Uma trela na chuva ou no açude.
Uma esperança de um mundo melhor.
Eram tempos em que o 10 de Pelé ainda se rendia ao 15.
15, obra prima da adolescente Rachel de Queiroz.
Obra escrita na infância do país.
Um tempo em que um país se fazia com homens e livros.
Conforme a antiga foto de José Olympio.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/