É feia a crise: faltam gols, sobram chutões
Nove gols em nove jogos.
Nunca antes o país viu média tão baixa em uma rodada do Brasileirão em pontos corridos.
A média do campeonato é a menor desde 1990, quando foi de 1,89 gol por jogo, contra 2,16 até aqui em 2018, lembrando que 28 atrás a fórmula era outra.
Em 1990, aliás, tivemos uma temporada terrível.
A Seleção de Lazaroni foi mal na Copa da Itália, o Bragantino foi campeão paulista e o Corinthians de Neto, oitavo colocado na fase de classificação, acabou campeão brasileiro. No Rio, Botafogo e Vasco deram a volta olímpica depois do jogo final do estadual, com o Maracanã vazio.
Os Atléticos podem mudar o miserê hoje à noite, mas não está fácil.
Serão necessários três gols para empatar com a pior média da história, a da 32ª rodada de 2015: 12 gols.
Os jogos têm se caracterizado por chutões intermináveis, ligações diretas sem pudor, como as 43 do Palmeiras e as 44 do Corinthians no Dérbi de ontem.
Ou as 36 do Inter e 41 do Grêmio, no Gre-Nal.
Com mais de 80 mil torcedores nos dois estádios!
Para ver futebol ou apenas para torcer pelas vitórias de seus times?
Como os 43 mil que foram ao Morumbi também para outro pobre 1 a 0, 34 ligações diretas do São Paulo, 40 do Bahia.
O meio de campo não existe, é uma zona para a bola passar pelo alto, como se fosse um drone, um helicóptero, um avião a jato.
Jogava-se assim nos primórdios, jamais nos tempos de Didi, Gérson, Ademir da Guia, Rivellino, Sócrates, Falcão, Zico, Rivaldo, enfim.
Divida 87 chutões no Dérbi, ou 77 no Gre-Nal, ou 74 no Morumbi por 60 minutos de bola rolando em média.
Dá mais de um por minuto!
Fora as faltas…
E olhe que, na última rodada, o jogo recordista de bolas compridas foi Sport (45) x Cruzeiro (63). Um escândalo de 108 chutões!
OK, OK, OK, faltam talentos no futebol brasileiro.
Como faltavam no futebol inglês à época em que jogavam assim e com chuveirinhos na área.
Pois agora somos nós, os que os mesmos ingleses diziam que praticavam o beautiful game.
Será que não dá organizar os times de outro jeito?
O torcedor exigente quer ficar feliz com as vitórias, mas quer, também, sair do estádio satisfeito por um jogo com um mínimo de qualidade.
O que veremos nas semifinais da Copa do Brasil?
O Corinthians acovardado diante do Flamengo no Maracanã?
O Cruzeiro fechado contra o Palmeiras na casa verde?
E chutões, e 0 a 0, ou, quem sabe, 1 a 0?
Leia mais em S.O.S. futebol brasileiro.
Agradeço a Mauro Cezar Pereira pelos números do "footstats".
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