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Blog do Juca Kfouri

Cruzeiro impecável e Corinthians pequeno com grande resultado

Juca Kfouri

12/09/2018 23h48

Dois jogos, pelo mesmo torneio, na mesma fase.

Copa do Brasil, semifinais.

E uma diferença abissal entre ambos.

Entre os Palestras, num gramado impecável, futebol, para 31.960 pagantes.

Entre os dois times mais populares do país, ataque contra defesa num gramado vergonhoso, diante de 53.303 torcedores.

O Palmeiras começou em busca do gol, Borja quase fez 1 a 0, mas Fábio evitou.

No contra-ataque do lance, bola de pé em pé, como o Cruzeiro é capaz e passe final em Barcos, que teve frieza para abrir o placar aos 5 minutos.

A vida alviverde se complicou, Willian quase empatou, mas a defesa mineira jogava com firmeza e o ataque não abriu mão de buscar o segundo gol, coisa que quase conseguiu nos acréscimos, evitado por Weverton.

Tinha jogo e era bom. O Cruzeiro vencia por ter sido mais eficaz.

Já no Maracanã, o Flamengo dava as cartas, o Corinthians só se defendia, a bola passava perto do gol paulista, mas a melhor chance de gol quem deu foi Lucas Paquetá, aos 23 minutos, mas para Clayson que, bisonhamente, chutou para fora em vez de dar a bola para Douglas que entrava livre na área carioca.

No minuto seguinte, o Alvinegro fez sua única jogada ofensiva, em bela triangulação entre Clayson e Jadson e Douglas, que a desperdiçou.

Depois, por duas vezes, Cássio salvou a meta corintiana.

Romero se matava e errava todos os passes enquanto Paquetá parecia estar em outra sintonia.

O jogo era ruim.

A culpa do 0 a 0 era da falta de ideias do Flamengo e da recusa em jogar do Corinthians.

Parecia o enredo do Dérbi de domingo.

O segundos tempos começaram como os primeiros terminaram, a exceção de Lucas Lima que substituiu Thiago Santos no Verdão.

Domínio flamenguista, equilíbrio na casa verde.

Com uma hora de duelo no Rio, o Flamengo bateu seu oitavo escanteio. O Corinthians, nenhum.

Dava até pena ver a indigência corintiana, incapaz de ganhar uma dividida, de dar um passe, de minimamente sair do sufoco imposto pelo Flamengo que lutava, mas pouco ameaçava, embora mantivesse a sensação de que faria o gol.

Fagner dava chutão para o alto, como beque de fazenda. Um horror!

Já o Cruzeiro mostrava uma organização exemplar para impedir que o Palmeiras chegasse ao empate.

Mano Menezes ainda reforçou a marcação ao trocar Robinho por Bruno Silva, aos 17'.

Maurício Barbieri reforçou o ataque ao botar Henrique Dourado no lugar de Uribe e William Arão no de Paquetá. Mais tarde, Lincoln no de Vitinho, vaiado.

Jair Ventura pôs Matheus Vital e tirou Clayson, aos 27'.

E Paulo Roberto, aos 32', para saída de Fagner, além de Araos para Gabriel, machucado, sair.

Enquanto o Palmeiras buscava por todos os meios escapar da armadilha mineira para empatar, o Corinthians jogava bola pro mato, para mantê-lo.

Raniel entrou no lugar de Barcos, como Rafinha havia substituído Arrascaeta.

O Timão não passava da própria intermediária como se fosse um timinho, humilde, sabedor de suas limitações. Nada de nada.

Mas o Flamengo também não se impunha como grande.

Cruzava na área, batia escanteios e, também, nada.

Aos 32', Felipão tirou Borja para Arthur jogar e aos 35' Edílson, sempre ele, foi expulso e deixou o Cruzeiro com dez.

Marcos Rocha entrou no Verdão, Bruno Henrique saiu.

O Corinthians conseguiu o que buscou e o Flamengo decepcionou, num espetáculo sofrível e sofrido.

Difícil imaginar um gol em Itaquera.

O Cruzeiro conseguiu muito mais do que queria e deu um passo, apenas isso, porque tem se dado melhor fora do que em casa.

Mano Menezes tem motivos de sobra para estar orgulhoso de seu time, apesar de já nos acréscimos Egídio quase ter empatado, contra, não fosse Fábio, também como sempre.

Até mesmo se a trave não tivesse salvado o arremate de Lucas Lima, aos 51.

Aos 52', Antônio Carlos empatou, mas o assoprador viu uma falta de Dracena em Fábio. E não acionou o VAR para ver que não houve a falta, porque apitou antes.

Aí, Mano mostrou seu lado gozador.

Disse que a arbitragem não influenciou no resultado.

Mas Jair Ventura não deixou por menos ao declarar que o Corinthians viajou ao Rio para vencer.

Felipão passará a noite cofiando o bigode.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/