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Blog do Juca Kfouri

Na guerra da Libertadores, deu Independiente. Patético!

Juca Kfouri

28/08/2018 21h19

Não há sentimento que mobilize tanto quanto a injustiça.

Daí o clima no Pacaembu ser incandescente, porque o torcedor santista foi ao estádio convencido de que a bandida Conmebol prejudicou o Santos, obrigado a fazer 3 a 0 no Independiente.

Pobre Cuca.

Passou dias preparando seu time para uma vitória simples e em poucas horas foi obrigado a buscar uma diferença de três gols.

E contra o heptacampeão da Libertadores, não contra o Jabaquara.

Bobagens ditas na mídia em geral alimentavam a ilusão de que o resultado era possível, porque em priscas eras aconteceu algo parecido e por aí afora.

Então, sob tal clima, o jogo começou e, aos 7 minutos, Lucas Veríssimo derrubou o atacante Meza na área.

O assoprador chileno não teve peito de marcar o pênalti.

Em seguida, Gabriel Barbosa perdera gol feito, imperdoável

Não é que se fosse Coutinho teria feito, ou Serginho Chulapa ou Ricardo Oliveira. Sua avó teria feito.

E seria daqueles gols para fazer o time acreditar que o impossível não existe.

E o primeiro tempo foi sendo consumido como os argentinos queriam, sem que o Santos os ameaçasse e com o Independiente até mais perigoso.

Uma defesa com cinco defensores em linha dava conta dos quatro atacantes brasileiros.

Jogo truncado, 25 faltas em 35 minutos, futebol quase nenhum e o goleiro Vanderlei estranhamente inseguro.

Aos 43', para evitar o gol em contra-ataque, Vanderlei derrubou Pablo Hernández na área.

Meza cobrou o pênalti para Vanderlei fazer uma defesaça e permitir a primeira grande explosão da torcida praiana.

Assim terminou o primeiro tempo, sem gols, mas, ao menos, sem a desvantagem de 1 a 0 que obrigaria o Santos a fazer cinco.

Como fez 5 a 2 no Fluminense, em 1995, e as priscas eras lembradas pela mídia esquecida de que a história se repete como farsa.

Também como 23 anos atrás, o Santos não desceu para o vestiário e Cuca instruiu o time no gramado.

O treinador percebeu que não adiante escalar quatro atacantes se a bola não chega neles e tirou Bruno Henrique para Bryan Ruiz armar.

Aos 5' o Santos teve de trocar Lucas Veríssimo pelo garoto Robson Bambu.

Nervosos, os santistas faziam faltas em cima de faltas, o assoprador marcava como era sua obrigação e os brasileiros reclamavam de seus acertos quando seu grande erro, até então, havia sido o pênalti não dado aos argentinos.

Aos 19', Vanderlei, outra vez, evitou o gol, com grande defesa no cantinho.

Faltavam 25 minutos, um gol a cada oito para o Santos levar o jogo para marca do Santos.

Só faltava alguém dizer que os alemães fizeram quatro gols em seis minutos no Mineirão.

O jogo chegava às 20 faltas em 70 minutos, 20 para cada lado.

Uma pelada!

Libertadores é isso, dizem os que gostam de briga de galo, não de futebol.

Some a isso a Conmebol, que a organiza e…

Aos 26', Jean Mota entrou no lugar de Alison.

No minuto seguinte, o travessão salvou o Santos.

O Independiente, forte nos bastidores, era melhor também no gramado.

Dois rojões explodiram junto ao banco argentino, aos 35'.

Jogo paralisado, torcida tentando invadir o gramado, a PM reprimindo com cassetetes, tudo como é habitual na Libertadores pela América do Sul afora.

A arbitragem encerrou o jogo, com toda razão, diante de 36 mil torcedores.

Com o time santista aplaudindo a torcida. Patético!

O 0 a 0 permaneceu até o fim, como em Avellaneda.

Na bola, iríamos para a marca do pênalti.

No tapetão, deu Independiente, graças à incompetência da direção santista.

Cai, assim, o primeiro brasileiro nas oitavas de final.

Amanhã, provavelmente, cairão mais dois: os dois mais populares do país.

Como em 2006, quando a torcida do Corinthians fez o espetáculo deprimente em jogo contra o River Plate, o Pacaembu deve ser interditado.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/