Na guerra da Libertadores, deu Independiente. Patético!
Não há sentimento que mobilize tanto quanto a injustiça.
Daí o clima no Pacaembu ser incandescente, porque o torcedor santista foi ao estádio convencido de que a bandida Conmebol prejudicou o Santos, obrigado a fazer 3 a 0 no Independiente.
Pobre Cuca.
Passou dias preparando seu time para uma vitória simples e em poucas horas foi obrigado a buscar uma diferença de três gols.
E contra o heptacampeão da Libertadores, não contra o Jabaquara.
Bobagens ditas na mídia em geral alimentavam a ilusão de que o resultado era possível, porque em priscas eras aconteceu algo parecido e por aí afora.
Então, sob tal clima, o jogo começou e, aos 7 minutos, Lucas Veríssimo derrubou o atacante Meza na área.
O assoprador chileno não teve peito de marcar o pênalti.
Em seguida, Gabriel Barbosa perdera gol feito, imperdoável
Não é que se fosse Coutinho teria feito, ou Serginho Chulapa ou Ricardo Oliveira. Sua avó teria feito.
E seria daqueles gols para fazer o time acreditar que o impossível não existe.
E o primeiro tempo foi sendo consumido como os argentinos queriam, sem que o Santos os ameaçasse e com o Independiente até mais perigoso.
Uma defesa com cinco defensores em linha dava conta dos quatro atacantes brasileiros.
Jogo truncado, 25 faltas em 35 minutos, futebol quase nenhum e o goleiro Vanderlei estranhamente inseguro.
Aos 43', para evitar o gol em contra-ataque, Vanderlei derrubou Pablo Hernández na área.
Meza cobrou o pênalti para Vanderlei fazer uma defesaça e permitir a primeira grande explosão da torcida praiana.
Assim terminou o primeiro tempo, sem gols, mas, ao menos, sem a desvantagem de 1 a 0 que obrigaria o Santos a fazer cinco.
Como fez 5 a 2 no Fluminense, em 1995, e as priscas eras lembradas pela mídia esquecida de que a história se repete como farsa.
Também como 23 anos atrás, o Santos não desceu para o vestiário e Cuca instruiu o time no gramado.
O treinador percebeu que não adiante escalar quatro atacantes se a bola não chega neles e tirou Bruno Henrique para Bryan Ruiz armar.
Aos 5' o Santos teve de trocar Lucas Veríssimo pelo garoto Robson Bambu.
Nervosos, os santistas faziam faltas em cima de faltas, o assoprador marcava como era sua obrigação e os brasileiros reclamavam de seus acertos quando seu grande erro, até então, havia sido o pênalti não dado aos argentinos.
Aos 19', Vanderlei, outra vez, evitou o gol, com grande defesa no cantinho.
Faltavam 25 minutos, um gol a cada oito para o Santos levar o jogo para marca do Santos.
Só faltava alguém dizer que os alemães fizeram quatro gols em seis minutos no Mineirão.
O jogo chegava às 20 faltas em 70 minutos, 20 para cada lado.
Uma pelada!
Libertadores é isso, dizem os que gostam de briga de galo, não de futebol.
Some a isso a Conmebol, que a organiza e…
Aos 26', Jean Mota entrou no lugar de Alison.
No minuto seguinte, o travessão salvou o Santos.
O Independiente, forte nos bastidores, era melhor também no gramado.
Dois rojões explodiram junto ao banco argentino, aos 35'.
Jogo paralisado, torcida tentando invadir o gramado, a PM reprimindo com cassetetes, tudo como é habitual na Libertadores pela América do Sul afora.
A arbitragem encerrou o jogo, com toda razão, diante de 36 mil torcedores.
Com o time santista aplaudindo a torcida. Patético!
O 0 a 0 permaneceu até o fim, como em Avellaneda.
Na bola, iríamos para a marca do pênalti.
No tapetão, deu Independiente, graças à incompetência da direção santista.
Cai, assim, o primeiro brasileiro nas oitavas de final.
Amanhã, provavelmente, cairão mais dois: os dois mais populares do país.
Como em 2006, quando a torcida do Corinthians fez o espetáculo deprimente em jogo contra o River Plate, o Pacaembu deve ser interditado.
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