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Blog do Juca Kfouri

Carlito Rocha, um botafoguense histórico

Juca Kfouri

15/08/2018 17h00

No dia 21 de agosto, no "solo sagrado" de General Severiano, será lançada a biografia de Carlito Rocha, de autoria do jornalista Rafael Casé.

Livro que vem sendo gestado há alguns anos.

Carlito é uma figura riquíssima e vai muito além das superstições que são a ele atribuídas.

Foi de tudo um pouco: campeão de remo e waterpolo, árbitro, jogador de futebol, técnico, preparador físico, presidente do Botafogo, guru e muito mais.

Não fosse por ele o Brasil não teria ido a todas as Copas. Em 1934 foi a persistência dele que garantiu a presença da Seleção Brasileira na Itália.

Carlito Rocha foi também o primeiro grande opositor de João Havelange.

Nunca foram adversários nas piscinas pelo simples fato de Carlito ser 20 anos mais velho, porém os santos dos dois nunca se cruzaram.

Rocha chegou a ser cliente e amigo do joalheiro Faustin, pai de Havelange, mas o filho nunca caiu em suas graças.

Depois que virou cartola, então…

Vivia desmerecendo Carlito para quem quisesse ouvir, tratava-o como um velho decrépito, embora o opositor tivesse apenas 64 anos.

Já o alvinegro via em Havelange um símbolo do continuísmo e da sede de poder através do esporte.

E, se levarmos em conta que ele ficou 27 anos à frente da CBD e mais 23 anos no comando da FIFA, Carlito Rocha não estava tão errado assim.

Mesmo sabendo que seria fragorosamente derrotado na eleição para a presidência da CBD (o que aconteceu), aceitou ser a cara da oposição.

Não bastasse tudo o que fez pelo Botafogo, no fim da vida ainda foi a pedra no sapato de outro dirigente inescrupuloso, o nefasto Charles Borer, figura ligada à ditadura e responsável pela venda do estádio do Botafogo. Só por causa da luta de Carlito os planos da Vale do Rio Doce de construir um espigão no local da sede do clube não foi à frente e o casarão permaneceu de pé.

Uma figura e tanto.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/