As contas de Andrés Sanchez
No dia 15 de março de 2014, Andrés Sanchez ligou para o blog e, a pretexto de contestar notícias que vinham sendo publicadas sobre o pagamento da Arena Corinthians, expôs como o estádio seria pago em seis anos, não em 12 como contratado.
Na véspera de nova eleição no Corinthians, com Sanchez na condição de favorito, é bom relembrar a nota então publicada:
Responsável pela obra do estádio do Corinthians, Andrés Sanchez está inconformado com o zum-zum de que o clube entrou num beco sem saída e não terá como pagar, em 12 anos, o bilhão de reais que a obra está custando.
Ele promete mostrar por a + b, no dia 31 de março, para o conselho do clube, que a dívida será paga no máximo em seis anos mesmo que calcule o custo do estádio por cima e a renda dos jogos por baixo.
São dele os cálculos:
" O estádio pode chegar a custar um bi e 50 milhões de reais, coisa que demonstrarei em junho ou julho para quem quiser ver.
Vamos manter as estruturas provisórias por 18 meses e vou mencionar aqui apenas a renda com jogos de futebol, além de calcular por baixo, com apenas 50% de ocupação do estádio.
Nas estruturas provisórias cabem 20 mil torcedores. Vamos vender 10 mil ingressos por jogo a 30 reais.
Embaixo delas, cabem 9 mil pessoas de cada lado. Venderemos a metade a 40 reais.
No prédio leste embaixo são 10 mil lugares. Admitamos que venderemos 5 mil a 150 reais.
Em cima dele, mais 9 mil lugares. Fiquemos com 5 mil ingressos vendidos a 80 reais.
Aí, ainda tem os lugares dos vips, 14 mil lugares.
Que sigamos calculando a metade, 7 mil ingressos a 350 reais.
Muito bem. O Corinthians joga, como mandante, em média, de 38 a 40 jogos.
Reduzamos para 35.
Faça as contas. Não leve em consideração a venda dos direitos do nome do estádio, nem a publicidade estática, nem as dos telōes, o aluguel de camarotes, cativas, a renda de bares e restaurantes e do estacionamento, nem muito menos de festas, casamentos e shows".
Fiz as contas.
Nos primeiros 18 meses, com 52 jogos (35 + 17) o Corinthians deverá arrecadar só nos jogos, segundo Andrés Sanchez, R$ 221.520.000, com R$ 4.260.000 por jogo.
Ficam faltando, grosso modo, 828 milhões e 480 mil reais para serem pagos nos 54 meses que restarão para completar seis anos, já sem as estruturas provisórias, o que diminuirá a renda dos jogos para R$ 3.960.000, sempre segundo os cálculos de Sanchez.
Neste período o time deverá jogar 157 vezes, com uma arrecadação, portanto, de 621 milhões e 720 mil reais.
Pelas minhas contas, faltam mais de 200 milhões para completar o 1 bilhão e 50 milhões.
Sou ruim de contas e aceito correções. Mesmo!
Mas recorro a Luís Paulo Rosenberg que vive disso e faz contas como poucos.
Ele ri, acha tudo uma loucura, pergunta dos custos financeiros, dos juros, de como pagar os salários dos jogadores, mas quando ouve que Sanchez estava querendo mais fazer um raciocínio do que uma conta de economista, coisa assim de caderneta de mercearia, Rosenberg concorda.
"Como tese está correto, desde que o estádio seja bem administrado. E não se esqueça dos CIDs da prefeitura, os tais Certificados de Incentivo da Prefeitura, que hoje devem valer uns 300 milhões de reais".
Pronto, achei a diferença.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/