Sobre a “República do Judô”
O que você lerá abaixo é o desabafo de ex-funcionário de carreira do Ministério do Esporte que pede para não ser identificado para não sofrer represálias.
Apenas para esclarecer o título, lembre-se que quem ocupa hoje a Secretaria dos Esportes de Alto Rendimento no Ministério do Esporte é o ex-judoca Rogério de Sampaio.
Antes de mais nada é uma pena vincular pessoas de intenção duvidosa a uma modalidade tão admirada em nosso país.
Infelizmente esse vínculo está estabelecido e, feitas as justas separações, coloco aqui minha percepção sobre o que vivemos hoje.
O Ministério do Esporte, especificamente quando falamos de esporte de alto rendimento, é hoje, claramente, uma extensão da iniciativa privada, nada além disso.
Os princípios da impessoalidade, razoabilidade, moralidade e eficiência têm dado lugar ao interesse obscuro de uma minoria que esmaga o esporte brasileiro e o reduz as manchetes policiais do noticiário cotidiano.
Profissionais aprovados em concurso, gestores administrativos capacitados na área do esporte foram substituídos por figuras despreparadas sem o mínimo de preocupação com a coisa pública e preocupados especificamente com promoção pessoal e direcionamento de recurso para fins obsoletos e de interesse das minorias.
Os especialistas foram trocados pelos ESPECIAIS da LISTA.
Nunca foi tão clara a total inobservância do termo Conflito de Interesse, nunca estivemos envoltos por pessoas tão ligadas a Confederações e Comitês, o Ministério foi tomado pela iniciativa privada e perdeu-se a capacidade e liberdade de análise imparcial e aplicação das políticas públicas.
Perdeu-se o protagonismo e a gestão do recurso público está entregue as entidades que comprovaram que não possuem capacidade técnica para administrar nem recursos próprios, quanto mais o meu, o seu.
Por que foi permitida essa invasão?
Quantas provas mais da incapacidade desses ditos "experientes no esporte" precisaremos ter para por um fim definitivo nessa politicagem escancarada e sem propósito?
Até quando atletas sem o mínimo de capacitação, sem ao menos curso superior (diga-se de passagem, exigido para o cargo), responderão por pastas importantes como a Secretaria de Alto Rendimento?
Até quando filhos de grandes gestores privados ocuparão cargos estratégicos em pastas importantes onde informações sigilosas e relevantes para o desenvolvimento do esporte estarão acessíveis?
Até quando precisaremos da interferência de um órgão internacional para nos dizer que este ou aquele funcionário não é adequado para determinada função?
Assessores, diretores, coordenadores gerais, nenhum funcionário de carreira, todos trazidos de confederações e comitês.
Ministério do Esporte virou um exemplo a não ser seguido quando falamos de administração pública.
A maior decepção que abala os que conhecem a verdadeira importância do esporte para o desenvolvimento de uma sociedade sadia e igualitária está em saber que não há mais espaço, não há mais a luta para o desenvolvimento do esporte, estão todos na fila para ser quem sabe…ESPECIAL na LISTA!
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/