Distâncias desequilibram o Brasileirão
POR VILMAR DA SILVA FOGAÇA*
Desde crianças escutamos que o Brasil é um país de dimensões continentais, tendo aproximadamente 2.000.000 de quilômetros quadrados a menos que a Europa, o que significa conjeturar que o país poderia abrigar a quase totalidade do Velho Mundo.
A dimensão de muitos estados brasileiros equivalem às de países europeus: Bahia (564.733 km²: / França (543.965 km²); Maranhão (331.937 km²) / Itália (301.338 km²); Mato Grosso do Sul (357.145 km²) / Alemanha (357.168 km²); Minas Gerais (586.522 km²) / Espanha (504.645 km²); Pernambuco (98.311 km²) / Portugal (92.212 km²); e São Paulo (248.222 km²) — Reino Unido (243.610 km²).
Mas, qual é a influência disso no desempenho dos clubes no Campeonato Brasileiro?
Sonhamos em ter um campeonato nos moldes dos campeonatos dos países europeus.
Argumentamos que lá são organizados, as coisas funcionam e jogadores não são poupados ou preservados.
Afirmamos que Messi e CR7 jogam sempre. Mas esquecemos de que os clubes europeus, nos seus campeonatos nacionais, percorrerem distâncias infinitamente menores que os times brasileiros, além de possuírem excelentes meios de transporte e estrutura de clube do mais alto nível.
No Brasil, as distâncias percorridas no Campeonato Brasileiro são enormes e muito superiores as percorridas pelos times europeus, além de meios de transportes deficientes.
No Brasileirão há clubes que percorrem uma quilometragem três vezes maior que outros, com desgaste físico incomparável .
É evidente que viagens mais longas impõem maior tempo de deslocamento, de esperas em aeroportos e, por consequência, diminuem o tempo de treinamento, de recuperação física e de descanso dos jogadores, além de aumentar o estresse emocional devido a ausência do convívio familiar.
Desta forma, no decorrer dos jogos, as sequelas destas situações começam a virar uma bola de neve e influem negativamente no desempenho da equipe, cuja maior ou menor intensidade dependerá da quantidade do plantel disponível para a competição.
Conclusão: times grandes e localizados no eixo Rio / São Paulo / Minas viajam menos e, portanto, se desgastam menos e são favorecidos pelas distâncias percorridas – um dos fatores de desequilíbrio da competição.
Para visualizar a diferença gigantesca das distâncias percorridas, segue abaixo um quadro comparativo dos deslocamentos e respectivas distâncias percorridas pelas equipes que disputam o Brasileirão de 2017, considerando as distâncias em linha reta:
*Vilmar da Silva Fogaça é cônsul do Grêmio em Brasília.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/