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Blog do Juca Kfouri

Distâncias desequilibram o Brasileirão

Juca Kfouri

06/10/2017 12h31

POR VILMAR DA SILVA FOGAÇA*

Desde crianças escutamos que o Brasil é um país de dimensões continentais, tendo aproximadamente 2.000.000 de quilômetros quadrados a menos que a Europa, o que significa conjeturar que o  país poderia abrigar a quase totalidade do Velho Mundo.

A dimensão de muitos estados brasileiros equivalem às de países europeus: Bahia (564.733 km²: / França (543.965 km²); Maranhão (331.937 km²) / Itália (301.338 km²); Mato Grosso do Sul (357.145 km²) / Alemanha (357.168 km²); Minas Gerais (586.522 km²) / Espanha (504.645 km²); Pernambuco (98.311 km²) / Portugal (92.212 km²); e São Paulo (248.222 km²) — Reino Unido (243.610 km²).

Mas, qual é  a influência disso no  desempenho dos clubes no Campeonato Brasileiro?

Sonhamos em ter um campeonato nos moldes dos campeonatos dos países europeus.

Argumentamos que lá são organizados, as coisas funcionam e jogadores não são poupados ou preservados.

Afirmamos que Messi e CR7 jogam sempre. Mas esquecemos de que os clubes europeus, nos seus campeonatos nacionais, percorrerem distâncias infinitamente menores que os times brasileiros, além de possuírem excelentes meios de transporte e estrutura de clube do mais alto nível.

No Brasil, as distâncias percorridas no Campeonato Brasileiro são enormes e muito superiores as percorridas pelos times europeus, além de  meios de transportes deficientes.

No Brasileirão há clubes que percorrem uma quilometragem três vezes maior que outros, com desgaste físico incomparável .

É evidente que viagens mais longas impõem maior tempo de deslocamento, de esperas em aeroportos e, por consequência, diminuem o tempo de treinamento, de recuperação física e de descanso dos jogadores, além de aumentar o estresse emocional devido a ausência do convívio familiar.

Desta forma, no decorrer dos jogos, as sequelas destas situações começam a virar uma bola de neve e influem negativamente no desempenho da equipe, cuja maior ou menor intensidade dependerá da quantidade do plantel disponível para a competição.

Conclusão: times grandes e localizados no eixo Rio / São Paulo / Minas viajam menos e, portanto, se desgastam menos e são favorecidos pelas distâncias percorridas – um dos fatores de desequilíbrio da competição.

Para visualizar a diferença gigantesca das distâncias percorridas, segue abaixo um quadro comparativo dos deslocamentos e respectivas distâncias percorridas pelas equipes que disputam o Brasileirão de 2017, considerando as distâncias em linha reta:

*Vilmar da Silva Fogaça é cônsul do Grêmio em Brasília.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/