Topo

Blog do Juca Kfouri

Assoprador estraga o Dérbi centenário e Jô salva

Juca Kfouri

22/02/2017 23h48

Maycon puxou Keno pelo ombro, falta digna de cartão amarelo, aos 43 minutos de jogo.

O assoprador de apito teve uma ilusão de ótica e mostrou o cartão para Gabriel, o segundo.

O mundo o avisou do erro, mas, arrogante e autoritário, o assoprador manteve o erro e estragou um clássico que a garra do Corinthians mantinha equilibrado apesar de sua inferioridade técnica em relação ao Palmeiras.


Por cinco minutos a discussão interrompeu o Dérbi do centenário na Arena Corinthians.

Em 30 segundos, pudesse consultar a imagem, o assoprador se corrigiria. Ou sairia em camisa de força do estádio.

O jogo era mais guerreado que jogado e emoção mesmo, só três, em chutes de Gabriel e Léo Jabá rente ao travessão de Fernando Prass e um de Keno que bateu no cocoruto do travessão de Cássio.


É claro que o segundo tempo prometia um jogo inteiramente diferente graças a "otoridade" que fez prevalecer sua decisão contra tudo e todos.

O Palmeiras voltou com o habilidoso venezuelano Guerra no lugar de Raphael Veiga, que já tinha cartão amarelo.

Aos 7 minutos, Kazim, que virou xodó da Fiel, aplicou um chapéu em seu amigo Felipe Melo e a Arena quase veio abaixo.

O jogo mantinha a mesma cara e o Palmeiras parecia confiar no esgotamento do rival à medida que o tempo passava.

Aos 12, Thiago Santos substituiu Felipe Melo.

Aos poucos, com naturalidade, o Palmeiras foi apertando.

O gol era iminente aos 15.

Willian também acertou o cocoruto do travessão corintiano aos 17.

O Palmeiras alugou meio campo, como era inevitável.

Aos 20, Cássio fez uma defesaça em cabeçada de Keno à queima-roupa.

Era um jogo de um time só que tinha dificuldade em fazer o gol da vitória e que pôs Alecsandro no lugar de Willian, aos 27.

A verdade é que não tinha jogo, tinha ataque, sem inspiração, contra defesa, com abnegação, diante de 31 mil corintianos.

Cheguei a escrever que o time do Palmeiras não tinha nada a ver com o erro do assoprador. Mas tem sim, pelo menos Keno tem, porque colaborou para o erro e ainda comemorou a expulsão, a velha mania de levar vantagem em tudo que tanto mal faz ao país.

Aos 35, o Corinthians tirou Léo Jabá para entrada de Moisés, pulmão novo para aguentar o fim do jogo.

Um gol seria castigo que o Corinthians não merecia e o Palmeiras também não fazia por merecer.

Mas o assoprador merece uma geladeira até o fim do ano, menos pelo erro, mas pelo autoritarismo, pela arrogância, pela falta de bom senso, pela estupidez.


Jô substituiu o esgotado Kazim aos 41.

Aos 42, em contra-ataque, Maycon ganhou de Guerra, tentou passar para Jô, Zé Roberto cortou, a bola voltou para ele que, enfim, deu para Jô fazer o impossível: 1 a 0, entre as pernas de Prass, 38 segundos depois de entrar em campo.

Eram 10, mas pareciam 15 leões feridos, injustiçados.

Vitor Hugo perdeu a cabeça e deu uma cotovelada criminosa em Pablo e o assoprador, pusilânime, nada fez.

Sim, parece mentira, mas o Corinthians ganhou.

Crise no outro Parque?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/