Real Madrid é bi depois do susto japonês
O Real Madrid fez 1 a 0 logo aos 9 minutos com Benzema, em bola reboteada pelo goleiro do Kashima Antlers e deu duas sensações: a de que o jogo havia terminado e de que a goleada seria inevitável.
Ambas não se confirmaram.
Porque embora o time espanhol não corresse riscos e ficasse 60% do tempo com a bola nos pés, ninguém forçava por mais gols e o desinteresse pelo jogo era enorme.
Daí, como futebol é futebol, numa falha da defesa, aos 44 minutos, Shibasaki empatou e garantiu que, ao menos, teríamos um Madrid mais interessado no segundo tempo.
Outro engano.
Os campeões europeus voltaram com o mesmo sono, como se pudessem ganhar quando quisessem.
Então, aos 8, Shibasaki, chutou de longe e Navas aceitou: os campeões japoneses estavam na frente: 2 a 1.
Era o verdadeiro milagre japonês!
Aí sim, começou o jogo.
Não demorou muito, exatos seis minutos, para que Lucas Vásquez sofresse pênalti e Cristiano Ronaldo, apagadíssimo, na cobrança, empatasse: 2 a 2.
O Real Madrid seguiu forçando, jogando sério e parando nas defesas de Sogahata, em arremates cara a cara de Benzema e de Cristiano Ronaldo.
O Kashima Antlers ameaçava apenas em raros contra-ataques à medida que o fim dos 90 minutos se aproximava e o Madrid se abria para evitar uma prorrogação indesejada.
Mas não é que ao faltarem três minutos, as duas grandes chances foram japonesas, ambas evitadas por Navas?
Aos 90, o soprador de apito, pusilânime, amarelou ao não amarelar o zagueiro Sergio Ramos, que significaria avermelhá-lo, porque seria o segundo e deixaria o Madrid com 10 na prorrogação, que veio, surpreendente, porque, aos 93, Endo perdeu o gol do título para o Kashima.
No 13º Mundial de Clubes Fifa, pela primeira vez, era real a chance de um time asiático ser o campeão, algo impensável quando o torneio surgiu em 2000, exatamente para ampliar o espectro da Copa Intercontinental entre a América do Sul e a Europa.
Mas, aos 7 minutos da prorrogação, Benzema deixou o CR7 na cara do gol e o português não perdoou: 3 a 2.
Nem por isso o Kashima desistiu e ainda no primeiro tempo do tempo extra quase empatou, com uma cabeçada no travessão depois de cobrança de escanteio.
O Real Madrid sofria o que não imaginava que sofreria no Japão.
Mas quem tem Cristiano Ronaldo tem tudo, mesmo em jornada apagada.
No meio da área ele aparou um chute de Kroos e emendou para estufar a rede pela quarta vez, a terceira dele: 4 a 2.
A goleada que se previa antes do jogo poderia até se consolidar no segundo tempo da prorrogação, o que, cá entre nós, não seria justo com o time japonês.
Os madridistas ganhavam o seu segundo Mundial Fifa, ainda um a menos que o rival Barcelona, o nono título europeu, contra quatro sul-americanos, todos brasileiros, que participaram de cinco finais.
Mas o quinto título considerada a Taça Intercontinental, ultrapassando o Milan e assumindo a liderança.
Por falar em cinco, o quinto gol esteve para sair por três vezes, mas os deuses dos estádios, em homenagem ao futebol japonês, não permitiram.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/