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Blog do Juca Kfouri

Real Madrid é bi depois do susto japonês

Juca Kfouri

18/12/2016 11h01

O Real Madrid fez 1 a 0 logo aos 9 minutos com Benzema, em bola reboteada pelo goleiro do Kashima Antlers e deu duas sensações: a de que o jogo havia terminado e de que a goleada seria inevitável.

Ambas não se confirmaram.


Porque embora o time espanhol não corresse riscos e ficasse 60% do tempo com a bola nos pés, ninguém forçava por mais gols e o desinteresse pelo jogo era enorme.


Daí, como futebol é futebol, numa falha da defesa, aos 44 minutos, Shibasaki empatou e garantiu que, ao menos, teríamos um Madrid mais interessado no segundo tempo.

Outro engano.

Os campeões europeus voltaram com o mesmo sono, como se pudessem ganhar quando quisessem.

Então, aos 8, Shibasaki, chutou de longe e Navas aceitou: os campeões japoneses estavam na frente: 2 a 1.

Era o verdadeiro milagre japonês!

Aí sim, começou o jogo.


Não demorou muito, exatos seis minutos, para que Lucas Vásquez sofresse pênalti e Cristiano Ronaldo, apagadíssimo,  na cobrança, empatasse: 2 a 2.

O Real Madrid seguiu forçando, jogando sério e parando nas defesas de Sogahata, em arremates cara a cara de Benzema e de Cristiano Ronaldo.

O Kashima Antlers ameaçava apenas em raros contra-ataques à medida que o fim dos 90 minutos se aproximava e o Madrid se abria para evitar uma prorrogação indesejada.

Mas não é que ao faltarem três minutos, as duas grandes chances foram japonesas, ambas evitadas por Navas?

Aos 90, o soprador de apito, pusilânime, amarelou ao não amarelar o zagueiro Sergio Ramos, que significaria avermelhá-lo, porque seria o segundo e deixaria o Madrid com 10 na prorrogação, que veio, surpreendente, porque, aos 93, Endo perdeu o gol do título para o Kashima.

No 13º Mundial de Clubes Fifa, pela primeira vez, era real a chance de um time asiático ser o campeão, algo impensável quando o torneio surgiu em 2000, exatamente para ampliar o espectro da Copa Intercontinental entre a América do Sul e a Europa.

Mas, aos 7 minutos da prorrogação, Benzema deixou o CR7 na cara do gol e o português não perdoou: 3 a 2.


Nem por isso o Kashima desistiu e ainda no primeiro tempo do tempo extra quase empatou, com uma cabeçada no travessão depois de cobrança de escanteio.

O Real Madrid sofria o que não imaginava que sofreria no Japão.

Mas quem tem Cristiano Ronaldo tem tudo, mesmo em jornada apagada.

No meio da área ele aparou um chute de Kroos e emendou para estufar a rede pela quarta vez, a terceira dele: 4 a 2.

A goleada que se previa antes do jogo poderia até se consolidar no segundo tempo da prorrogação, o que, cá entre nós, não seria justo com o time japonês.

Os madridistas ganhavam o seu segundo Mundial Fifa, ainda um a menos que o rival Barcelona, o nono título europeu, contra quatro sul-americanos, todos brasileiros, que participaram de cinco finais. 

Mas o quinto título considerada a Taça Intercontinental, ultrapassando o Milan e assumindo a liderança.


Por falar em cinco, o quinto gol esteve para sair por três vezes, mas os deuses dos estádios, em homenagem ao futebol japonês, não permitiram.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/