O estádio e a ditadura
Por ROBERTO VIEIRA
1971.
O mês é setembro, véspera do sete de setembro pra ser mais exato.
O projeto seria inacreditável.
Porém, era um tempo de exceção.
O arquiteto Oscar Niemeyer ganha manchete.
Ele é mentor de uma obra do realismo fantástico.
Niemeyer que sempre foi homem de esquerda, adepto do Stalinismo.
Niemeyer bolava o projeto.
Um estádio coberto para 140 mil pessoas.
Um estádio a ser erguido pelo Sport Club do Recife.
Três mil pessoas comparecem ao lançamento da maquete.
A firma HB – Hoffmann Bosworth Engenharia Ltda assume a responsabilidade pra tornar maquete realidade.
O Coronel Ivan Ruy, presidente do Sport, discursa anunciando a aquisição de vinte e nove hectares da Ilha Joana Bezerra, vizinha da Ilha do Retiro.
Seguindo o ritmo do Brasil Grande.
As obras absorveriam as vinte e quatro horas do dia.
E como homenagem final?
O nome da praça de esportes será Emílio Garrastazu Médici.
O mais belo estádio do mundo.
Tempo que passa.
O plano ficou na terraplanagem.
A maquete virou pó.
E Niemeyer se foi sem nem lembrar do projeto – será que sabia?.
Niemeyer que se prepara para abrir seu escritório em Paris.
Lá nos Campos Elísios – longe dos campos de futebol.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/