Enxurrada de gols no Morumbi
O primeiro tempo do Majestoso foi horroroso.
De bonito mesmo só a cavadinha de Cueva, aos 13, na cobrança de um pênalti que o assoprador de apito descobriu de Fagner em Kelvin: 1 a 0.
De resto, foi na base do bumba meu boi.
Chávez pôde fazer 2 a 0, mas chutou na rede pelo lado de fora, e o único chute corintiano a gol aconteceu aos 35, de Rodriguinho, para defesa fácil de Denis.
O Corinthians ficou mais tempo com a bola, mas sem a menor ideia do que fazer com ela.
E o São Paulo não deu a menor chance ao ataque de riso corintiano.
Verdade que, aos 43, Uendel pôs a bola na cabeça de Romero, na cara do gol, e o paraguaio, é claro, cabeceou para fora.
O São Paulo teve de trocar Kelvin, machucado, por Luiz Araújo, ainda no primeiro tempo.
O placar justo para a qualidade do jogo era o 0 a 0, mas assoprador de apito esteve à altura do clássico.
O segundo tempo começou com Guilherme Arana no lugar de Uendel, também machucado.
Eram tantos erros de ambos os lados que, acredite, o corintiano Willians se sobressaía.
Rodriguinho deu uma pegada de MMA em Cueva e, em vez de vermelho, levou o amarelo, aos 8, quando o jogo foi parado pela terceira vez por causa de sinalizadores da torcida são-paulina.
Que, como muitas outras pelo país afora, chama de bicha o goleiro rival na hora do tiro meta, prática que já levou a Fifa a multar a CBF duas vezes nas eliminatórias.
Nem por isso a Casa Bandida do Futebol toma alguma providência.
Aos 14, em mais uma jogada de Cueva, um dos poucos em campo que honra a camisa que veste, deixou Chávez na cara do gol e ele perdeu, incrivelmente.
Por que o futebol brasileiro foi buscar Romero e Chávez?
Mas o peruano Cueva responde e pôs David Néres pelas costas de Arana na cara de Cássio.
Como Néres não é Chávez, 2 a 0, aos 15.
Já era justo e ameaçava virar goleada
Oswaldo de Oliveira trocou Marquinhos Gabriel por Rildo, menos de seis por menos de meia-dúzia.
Aos 22, Chávez, enfim, marcou seu gol e acabou com o jejum de 10 jogos, em lançamento, adivinhe de quem?
Uma dica: nasceu num país que tem nome de ave natalina…
O 3 a 0 dava a ideia de que o 6 a 1 poderia ser devidamente vingado.
Mas o 4 a 0 veio tarde, só aos 45, em contra-ataque, com Luiz Araújo, em passe de quem?
O placar revelava que o São Paulo não tem mesmo por que cair e que o Corinthians não tem nada a fazer na Libertadores.
E isso que, temendo uma goleada estrondosa, o Corinthians havia trocado Guilherme, o náufrago na ilha deserta, por Camacho, para reforçar a marcação.
O time corintiano levou um baile, tomou olé, impotente, tão ruim que nem poder reclamar do primeiro gol pode, só chorar a própria ruindade.
Se o primeiro tempo foi um horror, o segundo, do ponto de vista tricolor, foi um primor, diversão garantida para mais de 53 mil torcedores.
Pior que a situação do torcedor corintiano hoje, só a do vascaíno.
Vazou água em Itaquera e gol no Morumbi.
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