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Blog do Juca Kfouri

Enxurrada de gols no Morumbi

Juca Kfouri

05/11/2016 21h28

O primeiro tempo do Majestoso foi horroroso.

De bonito mesmo só a cavadinha de Cueva, aos 13, na cobrança de um pênalti que o assoprador de apito descobriu de Fagner em Kelvin:  1 a 0.

De resto, foi na base do bumba meu boi.

Chávez pôde fazer 2 a 0, mas chutou na rede pelo lado de fora, e o único chute corintiano a gol aconteceu aos 35, de Rodriguinho, para defesa fácil de Denis.

O Corinthians ficou mais tempo com a bola, mas sem a menor ideia do que fazer com ela.

E o São Paulo não deu a menor chance ao ataque de riso corintiano.

Verdade que, aos 43, Uendel pôs a bola na cabeça de Romero, na cara do gol, e o paraguaio, é claro, cabeceou para fora.

O São Paulo teve de trocar Kelvin, machucado, por Luiz Araújo, ainda no primeiro tempo.

O placar justo para a qualidade do jogo era o 0 a 0, mas assoprador de apito esteve à altura do clássico.

O segundo tempo começou com Guilherme Arana no lugar de Uendel, também machucado.

Eram tantos erros de ambos os lados que, acredite, o corintiano Willians se sobressaía.

Rodriguinho deu uma pegada de MMA em Cueva e, em vez de vermelho, levou o amarelo, aos 8, quando o jogo foi parado pela terceira vez por causa de sinalizadores da torcida são-paulina.

Que, como muitas outras pelo país afora, chama de bicha o goleiro rival na hora do tiro meta, prática que já levou a Fifa a multar a CBF duas vezes nas eliminatórias. 

Nem por isso a Casa Bandida do Futebol toma alguma providência.

Aos 14, em mais uma jogada de Cueva, um dos poucos em campo que honra a camisa que veste, deixou Chávez na cara do gol e ele perdeu, incrivelmente.

Por que o futebol brasileiro foi buscar Romero e Chávez?

Mas o peruano Cueva responde e pôs David Néres pelas costas de Arana na cara de Cássio.


Como Néres não é Chávez, 2 a 0, aos 15.

Já era justo e ameaçava virar goleada

Oswaldo de Oliveira trocou Marquinhos Gabriel por Rildo, menos de seis por menos de meia-dúzia.

Aos 22, Chávez, enfim, marcou seu gol e acabou com o jejum de 10 jogos, em lançamento, adivinhe de quem?

Uma dica: nasceu num país que tem nome de ave natalina…

O 3 a 0 dava a ideia de que o 6 a 1 poderia ser devidamente vingado.

Mas o 4 a 0 veio tarde, só aos 45, em contra-ataque, com Luiz Araújo, em passe de quem?

O placar revelava que o São Paulo não tem mesmo por que cair e que o Corinthians não tem nada a fazer na Libertadores.

E isso que, temendo uma goleada estrondosa, o Corinthians havia trocado Guilherme, o náufrago na ilha deserta,  por Camacho, para reforçar a marcação.

O time corintiano levou um baile, tomou olé, impotente, tão ruim que nem poder reclamar do primeiro gol pode, só chorar a própria ruindade.

Se o primeiro tempo foi um horror, o segundo, do ponto de vista tricolor, foi um primor, diversão garantida para mais de 53 mil torcedores.

Pior que a situação do torcedor corintiano hoje, só a do vascaíno.

Vazou água em Itaquera e gol no Morumbi.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/