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Blog do Juca Kfouri

Com golaço de Nenê, Vasco perde 100% para o "novo" Audax

Juca Kfouri

31/05/2016 23h23

Eis que o Vasco veio jogar na Arena Barueri, de gramado impecável, mesmo sob forte chuva.

O adversário era o Oeste, de Fernando Diniz, bola de pé em pé, mas, é claro, ainda em busca do que fez o Audax, vice-campeão paulista.

Quando o jogo recém começara, bola na área do Oeste, um zagueiro, apertado, achou de rifar a bola para o meio de campo, em vez de abrir na lateral.

Vai ouvir de Fernando Diniz.

Porque a bola viajou alta e caiu nos pés de Yago Pikachu, que a devolveu, de primeira, em direção de Nenê, camisa 10 às costas, na entrada da área.


Foi assim como se ele estivesse na zona de três pontos do basquete, usasse a camisa 30 e se chamasse Stephen Curry.

Aparentemente sem esforço, como se fosse o gênio americano do Warriors, Nenê deixou a bola quicar no gramado e pegou, também de primeira,  para fazer o gol, aos 23 segundos, simplesmente maravilhoso, apenas prejudicado porque em vez de estufar a rede, bateu no ferro e voltou.

Assim como uma ferroada, uma anestesia.

O jogo poderia ter acabado ali, ou, no mínimo, exigido que quem pagou para vê-lo saísse (3.187 torcedores) do estádio e pagasse novo ingresso.

Mas não.

O jogo continuou e, aí sim, como se o Oeste já fosse o Audax.

Duas vezes o time que mora em Itápolis, a 360 quilômetros de São Paulo, mas joga em Barueri, a 33, quase empatou, numa delas em chute à queima-roupa no rosto do goleiro Jordi.

Aos 30, no rebote de outro quase gol, Francisco Alex bateu seco, embora na bola molhada, de fora de área, e empatou.

Chovia canivetes quando, aos 35, Nenê quase desempatou, numa bola bem mais fácil que a de seu gol.

Nenê, 34 anos, ex-Palmeiras, Santos, PSG, entre tantos, é um show à parte, e bem que Jorginho, chapa de Dunga, poderia convencer o amigo de que ele ainda merece um lugar na Seleção Brasileira.

O Vasco voltou para o segundo tempo a fim de defender sua invencibilidade de 31 jogos e de manter o aproveitamento de 100% no campeonato.

Aos 19 minutos, o capitão vascaíno Rodrigo foi escandalosamente puxado por Velicka na área do Oeste e o assoprador de apito fingiu não ver porque, nisso, não há diferença para a Primeira Divisão.

O jogo já não era tão bom, mas seguia disputadíssimo.

Os paulistas tinham mais a bola, em 60% do tempo, mas foi o Vasco que viu William chutar para Rafael Rocha defender na linha fatal, de cabeça.

Ah, aquele pênalti…

O Vasco chegava a 32 jogos sem perder, com nove empates e livrava um ponto de vantagem sobre o vice-líder Atlético Goianiense, que também perdia a campanha 100% e o jogo, para o Luverdense, por 3 a 2.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/