O futebol brasileiro precisa olhar para a mulher
POR AMIR SOMOGGI, no "Lance!" de hoje
A sociedade brasileira mudou muito nas últimas décadas e nada foi mais representativo que a importância da mulher em termos sociais e econômicos. Segundo o IBGE as mulheres representam 51% dos mais de 200 milhões de brasileiros. Segundo estudos do próprio instituto em 10 anos dobrou o número de famílias chefiadas por mulheres.
Em 2000 cerca de 9 milhões de mulheres chefiavam as famílias brasileiras. Em 2010 já eram quase 19 milhões, contra 30 milhões dos homens. Segundo o IBGE temos cerca de 49 milhões de chefes de família no Brasil.
Esses dados apenas demonstram que há muito tempo a mulher é fundamental para o país, não apenas como consumidora, mas principalmente como componente importante do mercado de trabalho e dentro de casa, como influenciadora de decisões familiares.
Por isso o tema desse artigo, afinal o futebol brasileiro é uma das atividades mais machistas que já existiu. Se um dia o negro sofreu para se inserir no futebol, a mulher até hoje sofre.
As mulheres são excluídas de toda a engrenagem do futebol. Muito além da falta de competições de futebol feminino. A ausência disso é reflexo de talvez um século de preconceito. E tudo começa em casa. Quando nasce um menino o pai compra camisa, presenteia com bola, vai jogar no fim de semana com ele, matricula na escolinha, leva no estádio. Já as meninas, em sua grande maioria ganham bonecas, fantasias e maquiagem e quem sabe uma bicicleta.
Obviamente que isso está mudando, pais conscientes e apaixonados por futebol já ensinam para suas filhas que elas podem amar futebol, jogar, e quem sabe até trabalhar se quiserem no futuro.
Isso embora pareça um estereótipo, é nossa realidade. As meninas não são criadas para amar futebol, como os meninos. Esse é um fato e reflete preconceito, em seu mais alto grau.
Se hoje o público feminino apresenta menores índices de audiência e prática esportiva, em relação aos homens e são uma parcela ínfima dos profissionais da Indústria Esporte, especialmente nos cargos de direção, isso é culpa de um século de exclusão.
Pesquisa do Diário Lance! de 2010 mostrou que os homens praticam mais esporte que as mulheres. Segundo a pesquisa 43% dos homens acima de 16 anos praticam esporte, já entre as mulheres o percentual das que praticam esporte é de aproximadamente 16%.
Pesquisa recente do Ministério do Esporte mostrou resultado semelhame, já que 67% dos homens praticam futebol contra 19% das mulheres. O voleibol é o primeiro esporte entre as mulheres, mas com apenas 20% de prática das brasileiras. A modalidade representa 5% do interesse de prática dos homens, o mesmo índice do running.
Esportes mais praticados por homens e a média nacional
Esportes mais praticados por mulheres e a média nacional
Fonte: Pesquisa Ministério do Esporte- 2013
Portanto podemos concluir que a ausência da mulher no futebol em todas as suas dimensões precisa ser corrigida. É uma distorção da nossa sociedade atual, colocando a questão de gênero como algo fundamental a ser debatido no futebol do Brasil.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/