Líder joga como campeão
Num calor desumano de 38 graus no gramado de Itaquera, e com a umidade relativa do ar na casa dos 30%, muito baixa, o Corinthians fez um belíssimo primeiro tempo e não deixou o Santos jogar.
O goleiro santista Vanderlei garantiu o 0 a 0 com três defesas importantes e Cássio só teve de aparecer já nos acréscimos quando o time praiano criou sua única chance de gol.
O empate não traduzia o jogo e o Corinthians mostrava alguns jogadores com ótimas atuações.
Yago, o zagueiro improvisado na lateral-esquerda surpreendia jogando muito; Fágner, do outro lado, não ficava atrás; Jadson, que fez uma jogada de almanaque na linha de fundo, e Renato Augusto conseguiam criar numa atmosfera em que até para pensar era sacrificante.
Estivesse Vagner Love, esforçado como sempre, com os reflexos dos tempos em que apareceu para o futebol e o líder do Brasileirão teria saído na frente.
O jogo tinha poucas faltas, apenas sete, embora uma delas, uma cotovelada de Ricardo Oliveira em Ralf, tenha merecido um cartão amarelo que, se fosse vermelho, não seria exagero.
Difícil esperar um segundo tempo da mesma qualidade porque, às 12h12, quando começou, a temperatura era ainda mais ofensiva aos direitos humanos.
O intervalo, que deveria ser de 15 minutos, foi de 19.
O Santos, que tem marcado mais um jogo no mesmo horário no domingo que vem, contra o Inter, na Vila Belmiro, deveria exigir da CBF jogar à tarde, porque não há quem aguente, lembrando que o time já foi submetido à mesma tortura em Campinas, no domingo passado.
Se o torcedor tem comparecido e acha mais confortável o jogo matutino, o jogador, a estrela do jogo, não tem nada a ver com isso e não pode continuar a ser submetido a tal sofrimento.
O Santos começou mais vivo na etapa final, atendendo aos apelos de Dorival Júnior que, no intervalo, considerou que seu time simplesmente não jogara nos primeiros 45 minutos.
Tinha um sol para cada um na Arena Corinthians, daqueles de rachar mamona, para os mais de 41.748 pagantes, inclusive.
Mesmo em câmara lenta, o Santos tinha a vantagem de jogar com 11 contra um Corinthians com 10 e Love.
Aos 16, em jogada ensaiada, Jadson bateu falta para Renato Augusto na entrada da área e a bola foi à trave, num pecado para o desempenho corintiano.
Em busca de sua primeira vitória em clássicos estaduais no Brasileirão, o Corinthians fazia por merecer a vantagem que teimava em não chegar.
Aos 23, Elias, do meio de campo, deixou Malcom na cara do gol, mas o garoto não conseguiu dominar.
Dois minutos depois foi a vez de Fágner desperdiçar chance clara, ao chutar nas nuvens na cara do gol.
Neto Berola entrou em seguida no lugar de Gabriel.
Já Tite pôs o atacante Lucca, que veio do Criciúma, para estrear, e tirou Malcom, aos 33.
E não é que na primeira jogada dele o rapaz deu um passe para Vagner Love ser derrubado na área por Zeca, que deveria ter sido expulso e não foi?
O assoprador expulsou David Brás, que não fez a falta. Complicou-se por causa do levantador de bandeira que marcou corretamente a penalidade, mas que atrapalhou uma arbitragem que era perfeita ao comunicar erradamente o autor.
Só não deu para entender porque Zeca não se acusou.
Finalmente, aos 38 minutos, Jadson bateu o pênalti e fez 1 a 0, como era justíssimo.
Na verdade, o Corinthians jogava como um autêntico campeão.
E não é que na segunda jogada de Lucca ele abre na direita para Elias e o cruzamento acaba nos pés de Jadson para fazer 2 a 0 e liquidar o jogo?
Christian e Danilo entraram no lugar de Elias e Love e Itaquera deu olé ao fim de jogo.
Um belo jogo e uma belíssima vitória corintiana
O Galo entra pressionado, oito pontos atrás do líder, contra o Flamengo de Guerrero.
Ambos contarão com a Fiel.
O personagem do jogo?
Acredite: foi Lucca.
Ou quem acreditou nele.
Tite?
Rimou…
No Serra Dourada, 42 graus, 9% de umidade, um verdadeiro crime, o Goiás fez 3 a 0 no Joinville, diante de apenas 3.488 pagantes.
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