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Blog do Juca Kfouri

Assustador 2014!

Juca Kfouri

31/12/2014 00h00

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O ano de 2014 foi aquele em que o Brasil se deu conta de que Pelé pode morrer.

E de que a magia de seu futebol, de fato, morreu.

Soterrada por sete piedosos gols alemães que, caso fossem cruéis, teriam feito, no mínimo, 10.

Inferno de Dante, de David Luiz, Júlio César, Felipão&Parreira, Marin$Nero.

Salvou-se Neymar, alijado da semifinal por uma imprudente entrada colombiana.

Thiago Silva também não jogou no Mineirão, suspenso por uma infantilidade, mas, incapaz de controlar os nervos, não se livrou de ficar marcado.

A culpa, de verdade, é quase toda estrutural, mas ninguém está nem aí para isso e a saída foi a reentrada de Dunga.

O mundo adorou a Copa brasileira porque não é problema dele se foram construídos elefantes brancos em Manaus, Brasília, Cuiabá e Natal.

Nem se bem mais da metade do prometido não foi entregue.

Ou se os feriados, para não haver congestionamentos, custaram, em desindustrialização, segundo cálculos oficiais, quase o que custaram as obras para a Copa, alguma coisa perto dos 30 bilhões de reais.

Sim, a Copa foi uma festa, principalmente para os alemães.

Espanhóis e brasileiros gostariam de poder esquecê-la.

Mas se o Brasil ainda chora o dilacerante 2 a 1 uruguaio no Maracanã, o acachapante 7 a 1 alemão no Mineirão virou motivo de piada.

O que pode ser positivo, sinal de maturidade, de capacidade de rir de si mesmo, embora a falta de educação dos endinheirados na abertura do torneio, ao xingar a mais alta autoridade do país, tenha revelado uma face intolerante assustadora.

Em bom português, melhor teria sido se a Copa do Mundo de 2014 tivesse acontecido longe do Brasil.

Lembremos: o primeiro gol brasileiro na Copa foi contra, o de Marcelo, para a Croácia;

e, o último, de Oscar, o de honra(?!!!!), do 7 a 1.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/