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Blog do Juca Kfouri

Hora de provar que as coisas mudaram

Juca Kfouri

19/09/2013 15h29

O Corinthians vive um momento de baixa no Campeonato Brasileiro.

Provavelmente terá de optar pela Copa do Brasil, onde terá a dura missão de passar pelo Grêmio com o segundo jogo na casa do tricolor gaúcho.

Pior que este momento foi a eliminação pelo Tolima, na Libertadores.

Então, numa demonstração de maturidade, o Corinthians manteve Tite em seu comando.

O que se seguiu é por demais conhecido para precisar ser recontado.

A situação vivida hoje, embora preocupante, é muito mais solucionável.

Houve erros no planejamento para 2013?

Parece claro que sim, provavelmente porque depois de ganhar um título mundial seja difícil começar uma renovação.

Como, por exemplo, não renovar o contrato do herói da Libertadores, do autor dos dois gols na final contra o Boca Juniors, eleito o melhor jogador do torneio?

Como imaginar que Emerson Sheik entraria em declínio tão acentuado?

A perda de Alessandro, homem de confiança do treinador, seu técnico dentro de campo, era mais previsível e o Corinthians tratou de trazer Edenílson.

Paulinho iria embora, mais cedo ou mais tarde, e Elias deu sopa, mas…

Um dia os anos pesariam sobre os ombros de outro jogador essencial como Danilo, mas só a mãe Dinah poderia prever que seria tão logo.

Jorge Henrique passou dos limites e precisou ser sacrificado, o que faz parte dos ossos do ofício.

O próprio Tite um dia disse que a cultura do futebol brasileiro impede que aconteça aqui o que é acontece em alguns clubes ingleses, como o Manchester United (Sir Alex Fergusson, 26 anos no comando do time) ou no Arsenal (Arsène Wenger, no clube desde 1996).

Talvez ele tenha razão, mas talvez não tenha.

E a hora de provar que não tem é agora. A todo risco.

O passionalismo da torcida, principalmente da uniformizada, não tem de ser levado em conta.

Claro que não é fácil resistir, mas é obrigatório, e competente, que se resista.

Como fez, por exemplo, em outra esfera recheada de paixões irracionais, o decano do STF, Celso de Mello.

O que era de ouro não virou lata do dia para noite.

O que é certo é certo e que ladrem os cães enquanto a caravana passa.

Se é verdade que o papel do técnico é superestimado, isso vale tanto para o bem quanto para o mal.

Os dois clubes ingleses supracitados acreditam nisso piamente, com resultados melhores em Manchester que em Londres.

De tanto vencer com Ferguson, o MU acostumou-se também perder com ele.

De tanto perder ultimamente com Wenger, o Arsenal aposta que poderá voltar a vencer com ele.

Eis o caminho.

Não é simples, mas é assim.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/