Hora de provar que as coisas mudaram
O Corinthians vive um momento de baixa no Campeonato Brasileiro.
Provavelmente terá de optar pela Copa do Brasil, onde terá a dura missão de passar pelo Grêmio com o segundo jogo na casa do tricolor gaúcho.
Pior que este momento foi a eliminação pelo Tolima, na Libertadores.
Então, numa demonstração de maturidade, o Corinthians manteve Tite em seu comando.
O que se seguiu é por demais conhecido para precisar ser recontado.
A situação vivida hoje, embora preocupante, é muito mais solucionável.
Houve erros no planejamento para 2013?
Parece claro que sim, provavelmente porque depois de ganhar um título mundial seja difícil começar uma renovação.
Como, por exemplo, não renovar o contrato do herói da Libertadores, do autor dos dois gols na final contra o Boca Juniors, eleito o melhor jogador do torneio?
Como imaginar que Emerson Sheik entraria em declínio tão acentuado?
A perda de Alessandro, homem de confiança do treinador, seu técnico dentro de campo, era mais previsível e o Corinthians tratou de trazer Edenílson.
Paulinho iria embora, mais cedo ou mais tarde, e Elias deu sopa, mas…
Um dia os anos pesariam sobre os ombros de outro jogador essencial como Danilo, mas só a mãe Dinah poderia prever que seria tão logo.
Jorge Henrique passou dos limites e precisou ser sacrificado, o que faz parte dos ossos do ofício.
O próprio Tite um dia disse que a cultura do futebol brasileiro impede que aconteça aqui o que é acontece em alguns clubes ingleses, como o Manchester United (Sir Alex Fergusson, 26 anos no comando do time) ou no Arsenal (Arsène Wenger, no clube desde 1996).
Talvez ele tenha razão, mas talvez não tenha.
E a hora de provar que não tem é agora. A todo risco.
O passionalismo da torcida, principalmente da uniformizada, não tem de ser levado em conta.
Claro que não é fácil resistir, mas é obrigatório, e competente, que se resista.
Como fez, por exemplo, em outra esfera recheada de paixões irracionais, o decano do STF, Celso de Mello.
O que era de ouro não virou lata do dia para noite.
O que é certo é certo e que ladrem os cães enquanto a caravana passa.
Se é verdade que o papel do técnico é superestimado, isso vale tanto para o bem quanto para o mal.
Os dois clubes ingleses supracitados acreditam nisso piamente, com resultados melhores em Manchester que em Londres.
De tanto vencer com Ferguson, o MU acostumou-se também perder com ele.
De tanto perder ultimamente com Wenger, o Arsenal aposta que poderá voltar a vencer com ele.
Eis o caminho.
Não é simples, mas é assim.
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