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Blog do Juca Kfouri

Fla infernal no primeiro tempo. Furacão letal no segundo

Juca Kfouri

19/09/2013 21h21

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Você viu o Honved jogar no Brasil, em meados dos anos 50?

Não?

Nem eu.

Mas pelo que me contaram à época, e li mais tarde, o Flamengo jogou como aqueles húngaros jogavam nesta noite no Maracanã (16.014).

Quando o Atlético Paranaense deu pela coisa, estava perdendo por 2 a 0, antes do oitavo minuto de jogo.

O Flamengo imprimiu tamanha velocidade no jogo que o Atlético ficou sem saber onde estava.

Levou bola na trave de Cáceres aos 19, viu Carlos Eduardo e Hernane quase ampliarem, em resumo, além dos gols feitos por Hernane e Luiz Antônio, no primeiro e no sétimo minutos, tomou um baile.

Mano Menezes, sabiamente, deixou André Santos no banco e optou por um time mais livre, leve e solto.

Só que o Furacão não está no G4 à toa e, num contra-ataque, achou seu gol, do estreante Fran Mérida, em jogada de Marcelo, exatamente aos 20 minutos.

Mesmo assim, frouxo na marcação e dando espaço, o Atlético seguiu dominado e correu sérios riscos mais três vezes.

Em resumo: quando o jogo chegou ao intervalo, poderia estar 5 a 1 para o Honved, quer dizer, para o Flamengo.

Que se jogasse sempre como fizera até ali, estaria no topo da classificação.

Mas estava só 2 a 1 e aí é que morava o perigo, porque, afinal, do Atlético é conhecido seu valor.

Vagner Mancini voltou com Delatorre no lugar de Bruno Silva.

Quando o segundo tempo chegou aos 8 minutos já estava muito claro que havia dois times em campo.

E, aos 9, em ótimo jogada, Everton deu na medida para Delatorre empatar.

Carlos Eduardo errava muito e a torcida do Mengo, que não poupava apoio ao time, apupava o bisonho armador.

Aos 15, por pouco, o Furacão não virou.

O jogo não era bom.

Era muito bom.

Aberto como antigamente, quando o futebol húngaro era temido.

Mano mexeu no atacado, sacando Carlos Eduardo e Hernane, para as entradas de Adrian e Marcelo Moreno, aos 20.

Paulo Victor trabalhava muito mais que Weverton e o terceiro gol estava mais perto do rubro-negro de Curitiba.

Éderson, que pouco fez desta vez, foi trocado por Roger, aos 28, momento em que também Rafinha saiu para entrada de Nixon.

Aos 32, Gonzalez deu de presente para Roger passar a Marcelo que, enfim, virou.

O baile que o Atlético levava virou festa do visitante, deprimente para o anfitrião.

Mérida saiu e entrou Deivid, para segurar.

Nem precisava.

O Flamengo, grogue, viu Roger fazer 4 a 2, no meio da defesa flamenguista, que a tudo via como se turista fosse no no Maracanã.

A goleada que o Flamengo ensaiou no primeiro tempo virou verdade no segundo, contra ele.

E só não foi de cinco ou seis porque Paulo Victor não deixou, embora, no fim, o Flamengo tenha perdido boas chances.

O Honved não estava acostumado com Furacão.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/