Felix Miéli Venerando (1937-2012)
Por ROBERTO VIEIRA
Ele não tinha a frieza de Gilmar.
Nem os saltos acrobáticos e sensacionais de Barbosa.
Ele não tinha a sorte de Castilho.
Nem os dedos enluarados do Manga.
Marcos foi mais santo.
Taffarel foi mais milagroso.
Válter, Jurandir e Aymoré eram muito mais corajosos.
Tempos de travas eriçadas e pau puro na grande área.
Mas quando Lee cabeceou aquela bola.
Quando Lee o agrediu covardemente.
Foram suas mãos desnudas que salvaram a pátria de chuteiras.
A sua imagem convulsionando no chão de Guadalajara.
Lembra o sofrimento dos milhares de goleiros que entregaram a própria vida.
Para evitar um gol.
Não, meus amigos!
Ele jamais faria parte da antologia da seleção brasileira de todos os tempos.
Mas sua garra e tenacidade fizeram melhor.
Elas o colocaram no arco da melhor seleção de todos os tempos.
Na final do México?
Lá estava ele de luvas nas mãos.
O primeiro da sua espécie tupiniquim.
Leão e Ado eram até melhores.
Mas campeão do mundo?
O homem que chorou ao telefone falando com a filha.
Direto do Estádio Asteca?
Esse só existiu um!
Felix Miélli Venerando.
E estamos conversados…
Em tempo.
O centenário tricolor Nelson Rodrigues.
Acaba de apertar as mãos do tricampeão tricolor lá no céu do futebol.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/