João Saldanha também errava
João Saldanha de tantos serviços prestados deixou pelo menos um desserviço ao futebol brasileiro: a célebre frase "eu o quero para jogar no meu time, não para casar com a minha filha".
Porque cada vez mais o futebol brasileiro é povoado por gente que a gente não gostaria de ver se casando com a filha da gente.
Seja em campo, seja no banco — e nem é preciso falar dos que usam cartolas.
Dia desses, por exemplo, Vanderlei Luxemburgo disse que não queria Ronaldinho Gaúcho para casar com a filha dele.
Nem eu.
Mas o dono do tradicional Bar do Elias, em São Paulo, que foi um dia um ponto de encontro do mundo do futebol, diz o o mesmo sobre o treinador.
E agora temos o caso do neogremista Kléber, o Gladiador, acusado pela mulher, uma jornalista mineira, com boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher de Porto Alegre, de tê-la agredido com um soco na cabeça.
E não teria sido a primeira vez.
Bater em mulher é pior que cuspir em zagueiro, dar pontapé em árbitro, quebrar a perna de companheiro de profissão, sonegar imposto de renda, falsificar documento de identidade, vender carro usado estragado, enfim.
É pior até que assédio sexual.
É uma covardia que merece prisão sem atenuante e a execração pública.
Mas o Grêmio queria um cara para jogar no time dele, não para casar com a filha do presidente, ou do diretor de futebol ou do técnico…
Tenho certeza de que hoje em dia João Saldanha não separaria mais o caráter da função.
Porque talento você cria, você treina.
Caráter não.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/