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Blog do Juca Kfouri

Adeus, Fenômeno!

Juca Kfouri

07/06/2011 21h35

Acabou.

Na verdade, já tinha acabado.

Mas hoje é o fecho oficial.

Pelo menos com a camisa amarela.

Com a preto e branca, promete-se, ainda não.

Mas Ronaldo parou.

O Fenômeno é história.

Com H maiúsculo.

Conheci-o na Copa dos Estados Unidos, ele com 17 anos, eu com 24 de carreira.

Algumas vezes dei a ele, pouco assediado que era no fim dos treinos, a revista Placar que acabara de chegar,  determinando que  a entregasse a Romário.

Ele obedecia, humildemente, e me chamava de tio.

Quatro anos depois, na Copa da França, nos reencontramos.

Quer dizer…

Ele já tinha brilhado no PSV holandês, no Barcelona e brilhava na Inter de Milão.

Era um craque globalizado, com 21 anos, eu com 28 anos de carreira.

No primeiro treino que o vi nos arredores de Paris, o chamei no alambrado, de uns 10 metros de distância.

Ele olhou na direção do grito, semicerrou os olhos e, simplesmente, não me reconheceu, não sabia mais quem eu era.

Não tinha a menor importância, não fazia a menor diferença.

De lá para cá, o craque só ficou maior. E maior, e maior.

Com quedas aparentemente irrecuperáveis, físicas ou morais, com voltas por cima dignas de um verdadeiro Fenômeno.

Como nenhum outro atleta na história do esporte mundial. Nenhum!

Sim, Ronaldo Fenômeno é o jogador brasileiro mais importante depois de Pelé.

E não porque você queira ou porque eu quero.

Simplesmente porque o mundo assim o vê.

Por isso, esses 15 minutos finais no Pacaembu servem, simbolicamente, para que a Terra, que é redonda como a bola, pare para pensar no tamanho de seu futebol.

Cujo metro é o mesmo que mede a dimensão de gênios como Pelé, Maradona, Messi.

Sem comparação.

Só constatação.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/