Arruda se enrasca
Por GABRIEL CASTRO*
O Ministério Público do Distrito Federal entrou com uma ação de improbidade administrativa contra o governador José Roberto Arruda e o secretário de Esportes, Aguinaldo de Jesus.
O motivo é o pagamento de 9 milhões de reais a uma empresa de fachada, a Ailanto, responsável, no papel, por organizar o amistoso entre Brasil e Portugal, no ano passado.
Eles terão 15 dias para responder sobre o assunto.
A denúncia se baseia em diversos indícios de irregularidades.
A CBN revelou em março as suspeitas sobre o contrato.
A companhia de fachada tinha sede num apartamento no Rio de Janeiro, nunca havia prestado qualquer serviço e possuía um patrimônio de apenas 800 reais.
A empresa foi criada por Eduardo Duarte, ligado a Daniel Dantas.
Antes que o acordo fosse firmado, um parecer da Procuradoria distrital apontou 11 falhas no documento, e recomendou alterações.
Mas a maior parte das sugestões foi ignorada.
Não há qualquer detalhamento de como o valor seria utilizado.
Em média, a confecção de cada ingresso de papel ficou em 13 reais, bem acima da média. (No Maracanã, por exemplo, o custo médio de um ingresso não chega a 2 reais).
No relatório das despesas do jogo, constam, por exemplo, gastos com segurança, transporte e hospedagem – que, na teoria, deveriam ser pagos pela própria Ailanto.
*Gabriel Castro é repórter da CBN em Brasília.
Pró-memória
Publicado em 24 de março de 2009
Amistoso em Brasília sob suspeita
O repórter Gabriel Castro, da CBN-Brasília, revelou ontem que o contrato que resultou no jogo amistoso, em novembro passado, no Distrito Federal, entre Brasil e Portugal, e que terminou com a goleada brasileira por 6 a 2, está sob investigação do Ministério Público.
Um contrato de R$ 9 milhões.
Tudo porque o contrato, assinado pelo governador José Roberto Arruda e por uma tal Vanessa Almeida Preste, além do secretário de Esportes do governo do DF, foi feito com uma empresa aparentemente fantasma, a Ailanto Marketing Ltda, de Vanessa Preste e de Alexandre Rosell.
A Ailanto foi registrada pelo advogado Eduardo Duarte, apontado como laranja do banqueiro Daniel Dantas pela Operação Satiagraha, e não tem nem sequer telefone.
O governador José Roberto Arruda preferiu não se manifestar e a CBF disse desconhecer qualquer intermediação para jogos da Seleção Brasileira, cujos direitos são da empresa ISE, com sede nas Ilhas Cayman.
É interessante lembrar que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira já se viu em maus lençóis por causa de operações semelhantes que redundaram em duas CPIs.
E que um dos membros do Comitê Organizador da Copa do Mundo no Brasil, o advogado Francisco Mussnich, não só advogou para o banco Opportunity de Daniel Dantas como é namorado da irmã do banqueiro.
Alexandre Rosell, citado na reportagem como dono da Ailanto e ligado a ISE, é mais conhecido como Sandro Rosell, ex-presidente da Nike no Brasil quando a empresa passou a patrocinar a Seleção Brasileira, ex-vice-presidente do Barcelona e íntimo amigo de Ricardo Teixeira.
Comentário para o Jornal da CBN desta terça-feira, 24 de março de 2009.
http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/juca-kfouri/JUCA-KFOURI.htm
Ouça a reportagem de Gabriel Castro.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/