Três na virada do tri!
AFP
O primeiro tempo de Brasil e Estados Unidos em Johanesburgo, na final da Copa das Confederações, foi um pesadelo.
Que começou em ritmo morno, de estudos, até que, aos 10 minutos, André Santos não apertou o cruzamento ianque, Lúcio não encurtou o espaço de Dempsey e ele fez 1 a 0, para surpresa brasileira.
As coisas não funcionavam.
Ramires não era Ramires, Robinho era Robinho, muita posse de bola e pouca eficácia, Kaká era uma caricatura dele mesmo e, para piorar, nas poucas vezes em que a Seleção Brasileira chegava , como numa com André Santos, o goleiro Howard se transformava numa barreira.
Foi então que, aos 27, num contra-ataque perfeito, Donovan, recebeu na área, deu um corte perfeito em Ramires, e fez 2 a 0.
Difícil dizer quem se beliscava mais.
Se os americanos, por estarem na frente com toda essa vantagem, se os brasileiros, pelo tamanho da desvantagem.
Quando o segundo tempo começou, sem modificações nos dois times, aos 39 segundos, Maicon deu para Luis Fabiano girar na área e diminuir, como se para fazer o time acordar do pesadelo.
Um novo jogo iria começar, de 45, um pouco mais, minutos.
O conjunto norte-americano conseguia jogar de igual para igual com o time brasileiro em noite pouco inspirada individualmente, o que sempre faz diferença.
Por duas vezes, os ianques exigiram que Júlio César se virasse.
E quando a bola ia no gol de Tio Sam, Howard se dava bem, como numa cabeçada de Lúcio.
Aos 14, Kaká cabeceou para dentro do gol, Howard defendeu lá dentro e mandou a bola no travessão, mas o bandeirinha não deu o empate.
Uma lástima para realçar a burrice da Fifa em não aceitar auxílio tecnológico.
O jogo já estava por apenas 30 minutos.
Os EUA que interromperam uma séria invicta de 35 jogos da Espanha e de 15 vitórias seguidas, estavam impedindo a oitava vitória consecutiva do time brasileiro, graças, também, ao bandeirinha.
Aos 21, Dunga pôs Daniel Alves no lugar de André Santos e Elano no de Ramires.
Aos 25 Luis Fabiano perdeu um gol imperdível, na saída de Howard.
O empate seria justo.
E aconteceu, chorado, sofrido, depois que Kaká foi à linha de fundo, Robinho mandou no travessão e Luis Fabiano pegou o rebote de cabeça, aos 74.
Era para estar 3 a 2 para o Brasil, mas, paciência, embora dê raiva.
Mas, aos 39, Elano bateu escanteio na cabeça de Lúcio que fez o merecido 3 a 2.
Afinal, respeito é bom e a gente gosta.
Deu até para ouvir alguns rojões em São Paulo, poucos, é verdade, mas sinceros, é possível imaginar.
O Brasil é o primeiro tricampeão da Copa das Confederações e, não tenha dúvida, com Dunga não se investirá na condição de favorito como aconteceu em 2005, na Alemanha.
O que permite sonhar com o hexacampeonato.
Sem, ou com, novos pesadelos, porque o futebol anda assim mesmo.
Notas:
Júlio César não fez milagres: 6
Maicon foi bem: 7
Lúcio bobeou no primeiro gol, mas, com a camisa 3, foi brilhante no segundo tempo e fez o gol do tri, o terceiro: 7,5
Luisão não comprometeu: 6
André Santos com altos e baixos, não é o cara para a lateral-esquerda: 5,5
Daniel Alves, como Júlio César, não pôde fazer milagre, mas deu sorte e alimentou o ataque com muito mais qualidade: 7
Gilberto Silva, no seu papel de sempre: 6
Felipe Melo foi sério e participativo: 7
Ramires pareceu ter sentido a importância da partida: 5
Elano não se assusta com nada: 6
Kaká vinha mal até ir à linha de fundo e dar o empate: 6,5
Robinho é mesmo como um triatleta que corre, pedala e nada: 5
Luis Fabiano luta feito um leão e é o artilheiro da Copa das Confederações: 8
Dunga não merecia voltar para casa sem a taça: 8
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