Topo

Blog do Juca Kfouri

Três na virada do tri!

Juca Kfouri

28/06/2009 18h22

AFP

O primeiro tempo de Brasil e Estados Unidos em Johanesburgo, na final da Copa das Confederações, foi um pesadelo.

Que começou em ritmo morno, de estudos, até que, aos 10 minutos, André Santos não apertou o cruzamento ianque, Lúcio não encurtou o espaço de Dempsey e ele fez 1 a 0, para surpresa brasileira.

As coisas não funcionavam.

Ramires não era Ramires, Robinho era Robinho, muita posse de bola e pouca eficácia, Kaká era uma caricatura dele mesmo e, para piorar, nas poucas vezes em que a Seleção Brasileira chegava , como numa com André Santos, o goleiro Howard se transformava numa barreira.

Foi então que, aos 27, num contra-ataque perfeito, Donovan, recebeu na área, deu um corte perfeito em Ramires, e fez 2 a 0.

Difícil dizer quem se beliscava mais.

Se os americanos, por estarem na frente com toda essa vantagem, se os brasileiros, pelo tamanho da desvantagem.

Quando o segundo tempo começou, sem modificações nos dois times, aos 39 segundos, Maicon deu para Luis Fabiano girar na área e diminuir, como se para fazer o time acordar do pesadelo.

Um novo jogo iria começar, de 45, um pouco mais, minutos.

O conjunto norte-americano conseguia jogar de igual para igual com o time brasileiro em noite pouco inspirada individualmente, o que sempre faz diferença.

Por duas vezes, os ianques exigiram que Júlio César se virasse.

E quando a bola ia no gol de Tio Sam, Howard se dava bem, como numa cabeçada de Lúcio.

Aos 14, Kaká cabeceou para dentro do gol, Howard defendeu lá dentro e mandou a bola no travessão, mas o bandeirinha não deu o empate.

Uma lástima para realçar a burrice da Fifa em não aceitar auxílio tecnológico.

O jogo já estava por apenas 30 minutos.

Os EUA que interromperam uma séria invicta de 35 jogos da Espanha e de 15 vitórias seguidas, estavam impedindo a oitava vitória consecutiva do time brasileiro, graças, também, ao bandeirinha.

Aos 21, Dunga pôs Daniel Alves no lugar de André Santos e Elano no de Ramires.

Aos 25 Luis Fabiano perdeu um gol imperdível, na saída de Howard.

O empate seria justo.

E aconteceu, chorado, sofrido, depois que Kaká foi à linha de fundo, Robinho mandou no travessão e Luis Fabiano pegou o rebote de cabeça, aos 74. 

Era para estar 3 a 2 para o Brasil, mas, paciência, embora dê raiva.

Mas, aos 39, Elano bateu escanteio na cabeça de Lúcio que fez o merecido 3 a 2.

Afinal, respeito é bom e a gente gosta.

Deu até para ouvir alguns rojões em São Paulo, poucos, é verdade, mas sinceros, é possível imaginar.

O Brasil é o primeiro tricampeão da Copa das Confederações e, não tenha dúvida, com Dunga não se investirá na condição de favorito como aconteceu em 2005, na Alemanha.

O que permite sonhar com o hexacampeonato.

Sem, ou com, novos pesadelos, porque o futebol anda assim mesmo.

Notas:

Júlio César não fez milagres: 6

Maicon foi bem: 7

Lúcio bobeou no primeiro gol, mas, com a camisa 3, foi brilhante no segundo tempo e fez o gol do tri, o terceiro: 7,5

Luisão não comprometeu: 6

André Santos com altos e baixos, não é o cara para a lateral-esquerda: 5,5

Daniel Alves, como Júlio César, não pôde fazer milagre, mas deu sorte e alimentou o ataque com muito mais qualidade: 7

Gilberto Silva, no seu papel de sempre: 6

Felipe Melo foi sério e participativo: 7

Ramires pareceu ter sentido a importância da partida: 5

Elano não se assusta com nada: 6

Kaká vinha mal até ir à linha de fundo e dar o empate: 6,5

Robinho é mesmo como um triatleta que corre, pedala e nada: 5

Luis Fabiano luta feito um leão e é o artilheiro da Copa das Confederações: 8

Dunga não merecia voltar para casa sem a taça: 8

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/