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Blog do Juca Kfouri

Do ótimo blog de Marcelo Damato

Juca Kfouri

17/02/2009 20h05

Milhões pegos por um fio

por Marcelo Damato

O presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, mandou o Conselho de Fiscalização apurar responsabilidades de um contrato que poderia causar um gasto milionário aos cofres do Palmeiras.

Membros da comissão de obras do estádio, um deles vice-presidente, outro diretor e outro ex-presidente, firmaram um contrato com um sócio para que ele prestasse "consultoria de obra" durante a reforma do Parque Antártica.

Pelo contrato, o sócio João Carlos Mansur, que foi intermediário na negociação entre o Palmeiras e a WTorre, iria receber R$ 25 mil por mês do clube até o início das obras, o que deve ocorrer daqui a seis meses, e R$ 75 mil por mês durante os trabalhos, cuja duração prevista é de 30 meses.

No total, deveria receber cerca de R$ 2,4 milhões. O contrato, entretanto, não foi assinado pelo presidente do clube na época, Affonso Della Monica, e assim, segundo a atual diretoria, não tem validade.

Mesmo com o contrato sem a assinatura do presidente do clube, Mansur já recebeu o primeiro pagamento, de R$ 25 mil, em janeiro, ainda no mandato de Affonso Della Monica. Quem autorizou o pagamento foram então diretor administrativo (hoje no planejamento) José Ciryllo Júnior e o então diretor financeiro Salvador Palaia, ambos membros da comissão do estádio.

Belluzzo descobriu o acordo quando foi apresentada a segunda nota, que não foi paga. Nesta segunda-feira, o caso foi remetido pelo presidente para o Conselho de Orientação e Fiscalização, o COF.

Segundo Mansur, o contrato foi fechado com Palaia, Ciryllo e com o ex-presidente Carlos Facchina Nunes, o outro membro da comissão. A explicação dos diretores é que eles acham que tinham autonomia para fazer esse acordo e realizar essa despesa.

Mansur, por sua vez, não quis dar nenhum detalhe do acordo, nem quis confirmar se recebeu o dinheiro. Alegou que o contrato era sigiloso.

O acordo parece mesmo ter sido sigiloso. Segundo o blog apurou, além de Belluzzo, Della Monica tampouco sabia oficialmente sobre ele. Ele chegou a ser informado de que havia uma negociação em andamento, mas a desautorizou. E, para ele, depois o caso morreu.

Belluzz disse que o que foi feito é irregular.

"Eu não estou fazendo ilação nenhuma de que tenha havido desonestidade nesse contrato. Apenas digo que não se poderia mandar pagar num contrato sem assinatura do presidente. E esse contrato não interessa ao Palmeiras. Portanto, não será assinado", disse Belluzzo.

Belluzzo disse que tomará providências para recuperar o dinheiro já pago.

E afirmou que contratará uma auditoria para rever todos os contratos assinados nos últimos dois anos.

OUTRO LADO

O vice-presidente Salvador Palaia deu "parabéns" à decisão de Belluzzo de levar o caso ao COF. Palaia disse que o contrato é legal é que foi assinado mesmo por ele, Facchina e Cyrillo. Afirma que a comissão tem poder para isso.

Palaia confirma que mandou pagar a primeira nota, mas disse que além dele a nota foi assinada por Ebem Gualtieri, ex-quarto vice-presidente.

Palaia, para deixar enfatizar que não se sente ameaçado pelo exame do contrato pelo COF, declarou. "O contrato foi levado para o COF, não para a polícia".

O blog não conseguiu contactar Cyrillo e Facchina até este momento.

http://blogs.lancenet.com.br/alemdojogo/

Comentário do blog: O professor Belluzzo terá trabalho.

Muito trabalho.

Tomara que não adoeça.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/