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Blog do Juca Kfouri

Não se irrite, palmeirense. Aja

Juca Kfouri

07/04/2007 11h00


Está na "Folha" de hoje


RODRIGO BUENO

Detalhes da Copa Rio


Os italianos da Juventus curtiram o inverno no Brasil; já os jogadores palmeirenses se preparavam para os jogos


NÃO GOSTO de tratar do mesmo tema por duas colunas seguidas, mas fui levado a isso após receber várias mensagens sobra a "oficialização" da Copa Rio de 1951 como Mundial.


Hoje, apresentarei um resumo da pesquisa que fiz nas reportagens da Folha na época.



Quem organizou a competição foi a Confederação Brasileira de Desportos (Mario Polo era o presidente na época). Um vice da Fifa, Otorino Barassi, acompanhou o evento, mas atuou na defesa da Juventus, pois era o presidente da federação italiana.


Tal dirigente fora decisivo na conclusão das obras do Maracanã.


Semanas antes da Copa de 1950, ele integrou o Comitê Organizador para salvar o torneio (o Maracanã estreou na disputa ainda em obras).


Na Copa Rio, Barassi conferiu o Maracanã pronto e garantiu nos bastidores que as finais fossem no estádio.


O Palmeiras, aproveitando-se de que o favorito Vasco não estava na final, tentou levar ao menos um jogo da decisão para São Paulo.


Barassi, com base nas regras (era Copa Rio) e pela Juve, não aceitou.


O Vasco influiu na formação das chaves, evitando o Estrela Vermelha.


Jogou a boa equipe iugoslava para a chave paulista para "prejuízo" do Palmeiras.


Alguns participantes não eram campeões nacionais vigentes.


A Juventus, terceira no Italiano 1950/51, viajou 30 horas na época para vir ao Brasil (tempo maior que o de uma viagem para o Japão hoje).


O Austria era o terceiro de seu país, e o Nacional havia perdido o título uruguaio para o Peñarol.


O país vizinho, aliás, recebeu no meio de 1951 só um dos vários torneios internacionais daquele ano com times brasileiros.


O Corinthians jogou e abandonou um quadrangular que tinha o Peñarol em meio à Copa Rio. O Flamengo dava show em Portugal.


E a Portuguesa, era recebida com festa de campeã mundial por ter feito "a maior jornada do futebol brasileiro no exterior", tendo obtido ótimos resultados na Europa, como a vitória sobre o bicampeão espanhol Atlético de Madrid.


O Torino, famoso nos anos 40, excursionava na Argentina, e o Palmeiras negociou sem sucesso amistoso com os italianos.


Dias antes da Copa Rio, o alviverde pegou o inglês Portsmouth no Pacaembu e ficou no 0 a 0.


O Santos, depois, goleou os britânicos por 4 a 0 e, em amistoso fez 3 a 0 no Estrela Vermelha na Vila Belmiro, após os iugoslavos saírem da Copa Rio.


Os jogadores da Juventus curtiram o inverno brasileiro como se fosse verão.


Depredaram e furtaram hotel em São Paulo e foram convidados a deixar o hotel no Rio por atacarem mulheres até nos elevadores.


E os palmeirenses se prepararam muito, com concentração no Parque Antarctica por cerca de um mês.


Para Palmeiras, Vasco e "Gazeta Esportiva", foi como um Mundial.


Para o resto, não.

DA FIFA



Até o fechamento da coluna, a Fifa não havia colocado em seu site o Palmeiras na lista de campeões da entidade.


Também não havia respondido por e-mail à coluna se o clube era de fato campeão.


Sugiro aos palmeirenses que escrevam para a entidade cobrando a "oficialização".


Do contrário, o mundo continuará sabendo pouco (ou nada) sobre a Copa Rio.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/