Não se irrite, palmeirense. Aja
Está na "Folha" de hoje RODRIGO BUENO
Detalhes da Copa Rio
Os italianos da Juventus curtiram o inverno no Brasil; já os jogadores palmeirenses se preparavam para os jogos
NÃO GOSTO de tratar do mesmo tema por duas colunas seguidas, mas fui levado a isso após receber várias mensagens sobra a "oficialização" da Copa Rio de 1951 como Mundial.
Hoje, apresentarei um resumo da pesquisa que fiz nas reportagens da Folha na época.
Quem organizou a competição foi a Confederação Brasileira de Desportos (Mario Polo era o presidente na época). Um vice da Fifa, Otorino Barassi, acompanhou o evento, mas atuou na defesa da Juventus, pois era o presidente da federação italiana.
Tal dirigente fora decisivo na conclusão das obras do Maracanã.
Semanas antes da Copa de 1950, ele integrou o Comitê Organizador para salvar o torneio (o Maracanã estreou na disputa ainda em obras).
Na Copa Rio, Barassi conferiu o Maracanã pronto e garantiu nos bastidores que as finais fossem no estádio.
O Palmeiras, aproveitando-se de que o favorito Vasco não estava na final, tentou levar ao menos um jogo da decisão para São Paulo.
Barassi, com base nas regras (era Copa Rio) e pela Juve, não aceitou.
O Vasco influiu na formação das chaves, evitando o Estrela Vermelha.
Jogou a boa equipe iugoslava para a chave paulista para "prejuízo" do Palmeiras.
Alguns participantes não eram campeões nacionais vigentes.
A Juventus, terceira no Italiano 1950/51, viajou 30 horas na época para vir ao Brasil (tempo maior que o de uma viagem para o Japão hoje).
O Austria era o terceiro de seu país, e o Nacional havia perdido o título uruguaio para o Peñarol.
O país vizinho, aliás, recebeu no meio de 1951 só um dos vários torneios internacionais daquele ano com times brasileiros.
O Corinthians jogou e abandonou um quadrangular que tinha o Peñarol em meio à Copa Rio. O Flamengo dava show em Portugal.
E a Portuguesa, era recebida com festa de campeã mundial por ter feito "a maior jornada do futebol brasileiro no exterior", tendo obtido ótimos resultados na Europa, como a vitória sobre o bicampeão espanhol Atlético de Madrid.
O Torino, famoso nos anos 40, excursionava na Argentina, e o Palmeiras negociou sem sucesso amistoso com os italianos.
Dias antes da Copa Rio, o alviverde pegou o inglês Portsmouth no Pacaembu e ficou no 0 a 0.
O Santos, depois, goleou os britânicos por 4 a 0 e, em amistoso fez 3 a 0 no Estrela Vermelha na Vila Belmiro, após os iugoslavos saírem da Copa Rio.
Os jogadores da Juventus curtiram o inverno brasileiro como se fosse verão.
Depredaram e furtaram hotel em São Paulo e foram convidados a deixar o hotel no Rio por atacarem mulheres até nos elevadores.
E os palmeirenses se prepararam muito, com concentração no Parque Antarctica por cerca de um mês.
Para Palmeiras, Vasco e "Gazeta Esportiva", foi como um Mundial.
Para o resto, não.
DA FIFA
Até o fechamento da coluna, a Fifa não havia colocado em seu site o Palmeiras na lista de campeões da entidade.
Também não havia respondido por e-mail à coluna se o clube era de fato campeão.
Sugiro aos palmeirenses que escrevam para a entidade cobrando a "oficialização".
Do contrário, o mundo continuará sabendo pouco (ou nada) sobre a Copa Rio.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/