A polêmica dos gols
Afinal, quantos gols o Romário já fez de verdade?
Com o título acima, a revista "Mundo Estranho" publicou recentemente o texto que segue abaixo, a mais recente pesquisa confiável sobre o assunto, num trabalho dos jornalistas Artur Louback Lopes e Thais Aux.
Dependendo do critério usado, a contagem pode variar entre 987 e 859 gols (até o final de 2006).
A razão principal da diferença é que Romário e o Vasco – defensores dos 987 gols – contabilizam os 77 gols marcados pelo Baixinho antes da profissionalização.
Há ainda jogos festivos e amistosos, que, dependendo do critério, podem ser excluídos da contagem.
É o caso, por exemplo, de América-RJ 11 x 5 Amigos do Luisinho, em 1993, quando Romário marcou quatro gols.
Mas, se usarmos o critério adotado por Pelé – o único a atingir os mil gols almejados por Romário -, então temos que tirar só os gols amadores, já que Pelé contou gol até pela seleção das Forças Armadas.
Nesse caso, Romário teria 909 gols – além dos 77 amadores, descontamos o gol contra o Brasiliense no Brasileiro de 2005, cancelado pela justiça desportiva (e que Romário continua contabilizando).
Faltou, talvez, a revista dar duas informações:
1. Pelé, que completou 1000 gols aos 29 anos, nos 1281 que marcou contabilizou, de fato, os gols feitos pela seleção do exército, em 1958, quando, repita-se, já era profissional.
2. Sabe quantos?
Apenas 12.
Tire-os e Ele terá marcado 1269 gols.
Não há comparação.
E quantos gols marcou Friedenreich?
Leia o texto abaixo, esclarecedor, de reportagem publicada pela revista´"Época", de autoria do jornalista Mauricio Stycer, retirada da Wikipedia.
A polêmica em relação aos gols de "El Tigre" se deve à soma de um erro com uma falta de critério por parte do jornalista Adriano Neiva da Motta e Silva, o De Vaney.
Acontece que o "velho Oscar", pai de Fried, começou a anotar em pequenos cadernos todos os gols marcados pelo filho desde que começou a atuar.
Em 1918, o atacante confiou a tarefa a um colega do Paulistano, o centroavante Mário de Andrada, que seguiu a trajetória do craque por mais 17 anos, registrando detalhes das partidas até o encerramento da carreira de Fried, em 21 de julho de 1935.
A lenda ganhou consistência em 1962.
Naquele ano, Mário de Andrada disse a De Vaney que tinha as fichas de todos os jogos de Fried, podendo provar que o craque atuara em 1.329 partidas, marcando 1.239 gols.
Andrada, porém, morreu antes de mostrar as fichas a De Vaney.
Mesmo sem nunca comprovar esses dados, De Vaney resolveu divulgá-los, mas erroneamente inverteu o número de gols para 1.329.
A estatística, no entanto, começou a rodar o mundo, e ainda por cima na forma errada.
No livro "Gigantes do Futebol Brasileiro", de Marcos de Castro e João Máximo, de 1965, consta que Fried marcou 1.329 gols.
Outros livros e até enciclopédias referendaram o registro.
A FIFA, entidade máxima do futebol, chegou a "oficializar" os números, até que enfim, Alexandre da Costa conferiu os registros de todos os jogos de Fried em pelo menos dois jornais, "Correio Paulistano" e "O Estado de S. Paulo", e chegou a dois números surpreendentes: 554 gols em 561 partidas (espantosa média de 0,99 gol por jogo).
"Não quis destruir o mito", jura o autor de "O Tigre do Futebol".
"Adoro o Fried. Apenas quis esclarecer essa questão".
E, de fato, esclareceu.
Mais: Fried jogou até os 43 anos e sua carreira durou 26 anos.
Pelé jogou até os 37, 21 anos como profissional.
Romário já tem 41 anos e 22 de carreira profissional.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/