A batalha de Nuremberg
Portugal e Holanda fizeram o primeiro tempo que se esperava.
Disputado palmo a palmo e até com violência.
Violência, e aí surpreendeu, iniciada pela Holanda com uma entrada criminosa de Boulahrouz sobre Cristiano Ronaldo.
A não expulsão do holandês foi o primeiro erro grave do juiz que, no fim da etapa inicial, deveria também ter expulsado o zagueiro luso Nuno Valente, que deu um golpe de Kung-Fu em Kuyt.
Mas Portugal foi mais perigoso e o belo gol de Maniche fez justiça aos primeiros 45 minutos.
Só que Costinha saiu expulso por meter a mão na bola depois de já ter recebido um cartão amarelo.
O segundo começou com a Holanda criando mais.
A bola de Cocu no travessão, aos 48, foi um pecado.
Em seguida começou uma disputa inusitada: saber qual dos goleiros pegava a bola mais difícil.
Ricardo venceu Van der Sar, por mais exigido e não vazado.
A Holanda chutou o dobro de bolas a gol, 20 a 10.
E a truculência dos dois lados continuava, a ponto de o experiente Figo perder a cabeça e só achá-la na testa de um holandês.
Levou só o amarelo porque contaram para o árbitro, pois ele não viu.
No lance seguinte, Boulahrouz foi à forra e deixou o cotovelo no rosto de Figo.
Também só tomou o amarelo, só que era o segundo. Caiu fora.
Tudo igual de novo: 10 contra 10.
E era o décimo jogo entre Portugal e Holanda, com apenas uma vitória laranja.
Jogo que a Holanda dominava, 63% de posse de bola, e via Portugal tentar o contra-ataque, sempre com perigo.
Aos 72, Deco pegou Heitinga, levou amarelo e, na confusão, Sneidjer empurrou um português, em cena típica do futebol…sul-americano.
Aos 77, por cera, Deco foi expulso.
Um festival de cartões em Nuremberg.
Só no segundo tempo, 10 amarelos e três vermelhos.
As quatro expulsões, por sinal, são um recorde em Copas do Mundo.
Mesmo com um a menos, Portugal resistiu.
Se bem que, aos 96, Bronckhorst também foi expulso.
E, sem Deco, que fará muita falta, pegará a Inglaterra nas quartas-de-final.
Inglaterra que Felipão foi convidado para dirigir e recusou, além de já ter vencido duas vezes, na Copa do Mundo de 2002, pelo Brasil, e na Eurocopa, em 2004, por Portugal.
Portugal e Holanda fizeram o jogo mais dramático, e desleal, desta Copa do Mundo.
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