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Blog do Juca Kfouri

A batalha de Nuremberg

Juca Kfouri

25/06/2006 17h58

Portugal e Holanda fizeram o primeiro tempo que se esperava.


Disputado palmo a palmo e até com violência.


Violência, e aí surpreendeu, iniciada pela Holanda com uma entrada criminosa de Boulahrouz sobre Cristiano Ronaldo.


A não expulsão do holandês foi o primeiro erro grave do juiz que, no fim da etapa inicial, deveria também ter expulsado o zagueiro luso Nuno Valente, que deu um golpe de Kung-Fu em Kuyt.


Mas Portugal foi mais perigoso e o belo gol de Maniche fez justiça aos primeiros 45 minutos.


Só que Costinha saiu expulso por meter a mão na bola depois de já ter recebido um cartão amarelo.


O segundo começou com a Holanda criando mais.


A bola de Cocu no travessão, aos 48, foi um pecado.


Em seguida começou uma disputa inusitada: saber qual dos goleiros pegava a bola mais difícil.


Ricardo venceu Van der Sar, por mais exigido e não vazado.


A Holanda chutou o dobro de bolas a gol, 20 a 10.


E a truculência dos dois lados continuava, a ponto de o experiente Figo perder a cabeça e só achá-la na testa de um holandês.


Levou só o amarelo porque contaram para o árbitro, pois ele não viu.



No lance seguinte, Boulahrouz foi à forra e deixou o cotovelo no rosto de Figo.


Também só tomou o amarelo, só que era o segundo. Caiu fora.


Tudo igual de novo: 10 contra 10.


E era o décimo jogo entre Portugal e Holanda, com apenas uma vitória laranja.


Jogo que a Holanda dominava, 63% de posse de bola, e via Portugal tentar o contra-ataque, sempre com perigo.


Aos 72, Deco pegou Heitinga, levou amarelo e, na confusão, Sneidjer empurrou um português, em cena típica do futebol…sul-americano.


Aos 77, por cera, Deco foi expulso.


Um festival de cartões em Nuremberg.


Só no segundo tempo, 10 amarelos e três vermelhos.


As quatro expulsões, por sinal, são um recorde em Copas do Mundo.


Mesmo com um a menos, Portugal resistiu.


Se bem que, aos 96, Bronckhorst também foi expulso.


E, sem Deco, que fará muita falta, pegará a Inglaterra nas quartas-de-final.


Inglaterra que Felipão foi convidado para dirigir e recusou, além de já ter vencido duas vezes, na Copa do Mundo de 2002, pelo Brasil, e na Eurocopa, em 2004, por Portugal.


Portugal e Holanda fizeram o jogo mais dramático, e desleal, desta Copa do Mundo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/