30 anos do ouro em Indianapólis
Estava tudo pronto na Market Square Arena, lotada por 16 mil torcedores, para a festa de mais uma medalha de ouro para os anfitriões dos Jogos Pan-Americanos de 1987.
A seleção universitária de basquete dos Estados Unidos estava na quadra para receber os medalhistas de prata do Brasil e foram para o intervalo com 14 pontos de vantagem, 68 a 54, sem forçar.
David Robinson, que cinco anos depois integraria o Dream Team americano em Barcelona, era a estrela do espetáculo.
Aí o segundo tempo começou e apareceram dois meteoros que bagunçaram o coreto do Tio Sam.
Um chamado Marcel, outro Oscar.
E desembestaram a fazer cestas de três pontos como se estivessem chupando laranjas.
Dos 66 pontos marcados pelo quinteto brasileiro no segundo tempo, 55 foram dos dois.
Jamais os americanos tinham sofrido 100 pontos, e sofreram 120 naquela tarde.
Jamais tinham sido derrotados em casa e foram, atônitos, por 120 a 115.
Tiveram de ir buscar o Hino Brasileiro em outro lugar, porque só tinham o deles na arena.
E aqui passamos a discutir até que ponto o basquete é um esporte coletivo.
Porque se Marcel sempre foi de equipe, Oscar era uma máquina de fazer cestas.
Diferentemente da dupla bi-medalhista olímpica de bronze e bicampeã mundial, nos anos 1950/60, Amaury e Wlamir.
Ou até da dupla campeã mundial de 1994, Hortência e Paula.
Amaury, Marcel e Paula eram o cérebro, Hortência, Oscar e Wlamir, o show.
Mas só Oscar era individualista como marca registrada.
Fato é que de Indianapólis para cá o basquete nacional nunca mais ganhou nada de real valor e deixou de ser o segundo esporte do Brasil.
O basquete americano, jogado coletivamente sem dispensar seus gênios, segue o melhor do mundo.
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