Denúncia vazia
O repórter chega à redação e diz ao editor: "Tenho uma bomba, manchete de primeira página. O Fulano disse que o apartamento na praia é do Beltrano".
"Epa, sensacional! Ele tem provas ou convicção?", quer saber o editor.
"Provas ele não tem, porque diz que o Beltrano mandou destruir", responde o repórter, excitado diante da possibilidade de ver seu nome na primeira página.
"Mas sem provas não dá pra publicar uma acusação dessa gravidade", pondera o editor, cuidadoso que é.
"Espera aí! Ele tem comprovantes do pedágio de que o carro do Beltrano foi diversas vezes para a praia", o repórter imagina ser o suficiente.
"Mas eu já fui diversas à mesma praia e não tenho casa lá. Será que o Fulano, pra se livrar, não está inventando essa história sobre o Beltrano porque ele já virou a Geni nesse escândalo?", volta a ponderar o editor, jornalista responsável.
"Olhe, chefe, o que eu tenho é isso. Você decide", desiste, decepcionado, o repórter.
A reportagem não é publicada.
No dia seguinte, o editor é demitido, porque o que valeria, por exemplo, para Sicrano, não vale para Beltrano.
Anos depois o STF absolve o enlameado Beltrano.
Nota do blog: Qualquer semelhança não é mera coincidência.
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