À tarde, golpe. À noite, uma vitória espetacular
Durante a tarde, na sede da Casa Bandida do Futebol, batizada José Maria Marin, que está preso em Nova Iorque, o Marco Polo que não viaja comandou um golpe travestido de assembleia geral.
Para adaptar o estatuto da notória entidade e dar direito de voto aos clubes da segunda divisão com a lei determina, as 27 federações passaram a ter seus votos com peso três, contra dois dos clubes da primeira divisão e um da segunda.
Assim, as federações juntas têm 81 votos e os clubes 60.
E mais: manteve-se a cláusula de barreira para candidaturas à presidência, com a exigência do apoio de oito federações, o que praticamente impede a candidatura de qualquer um que não faça parte do bando.
É difícil não confundir a Seleção com a Casa Bandida e, embora não se deva mesmo fazer a confusão, é fácil dizer que um castigo foi merecido e veio a cavalo, ou melhor, a Cavani.
Terá sido um protesto de Marcelo?
Antes de 10 minutos ele se aproveitou da pixotada de Marcelo ao atrasar mal com o peito uma bola para Alisson e sofreu pênalti do goleiro que ele mesmo bateu para fazer 1 a 0.
Um pouco antes, Neymar havia feito uma jogadaça, do campo brasileiro à intemediária uruguaia, e Firmino furado na hora de fazer o gol.
"Ah, se fosse o Gabriel Jesus!", pensou a torcida brasileira.
Aos 18, quando o Brasil não estava bem, Neymar deu para Paulinho acertar um tirambaço do meio da rua, no ângulo, para "calar os críticos": 1 a 1.
O jogo ficou bom, embora Marcelo destoasse ao errar bolas como não está acostumado.
Cavani infernizava a defesa brasileira e ajudava a uruguaia.
Ao estilo Tite, o Brasil tinha mais a bola, posse de 76% aos 30 minutos.
Com o diabo no corpo, Neymar enfileirava a zaga oriental e tinha de ser parado com faltas.
Na continuidade de uma delas, Martín Silva, o goleiro do Vasco, salvou a virada nos pés de Casemiro.
O Centenário via o domínio brasileiro no mais das vezes em silêncio.
Dois treinadores éticos, Oscar Tabárez e Tite, possibilitavam um jogo na bola, nada da guerra que, antigamente, caracterizava o clássico sul-americano.
O último susto do primeiro tempo foi uma cabeçada que tirou lasca da trave brasileira.
O 1 a 1 era o retrato do que o ex-quarto zagueiro Juninho, da Seleção, Ponte Preta, Corinthians e Vasco, dizia: "A Seleção sempre que desembarca num país estrangeiro está perdendo de 1 a 0, porque o cartola que desce primeiro do avião é sempre uma lástima".
Como Marco Polo não viaja (daí seria 2 a 0 para os rivais), o primeiro a descer foi o Coronel Nunes…
É dose!
O risco para o Brasil no segundo tempo era o mesmo do primeiro: bola alçada na área.
Marcelo, aos 3 minutos, pisou nas costas de um adversário e merecia ser expulso.
Aos 6, Firmino chutou forte, Martín Silva largou e o rebote sobrou para Paulinho virar o jogo.
Nunca mais este blogueiro dirá que Paulinho não merece a Seleção.
O Brasil. começou a fazer faltas desnecessárias nas imediações da área, a primeira de Marcelo, a outra de Daniel Alves, ambas com Marquinhos na bola.
A Seleção sofria e esperava a chance de um contra-ataque.
Que veio aos 29, com um chutão de Miranda que pegou Neymar na frente para encobrir Martín Silva com a categoria que trouxe do berço. Outro golaço!
Definitivamente, a CBF não merece a Seleção.
De quebra, aos 46, Daniel Alves pôs no peito dele, de Paulinho, para fazer seu terceiro gol, o do 4 a 1!
Espetacular!
NOTAS:
Alísson foi bem: 7,5
Daniel Alves jogou menos do que pode: 5,5
Miranda vacilou no começo e firmou-se: 6,5
Marquinhos foi o melhor da defesa: 7
Marcelo foi o pior em campo: 3
Casemiro esteve firme, mas discreto: 6,5
Paulinho foi o nome do jogo: 9
Renato Augusto desapareceu: 5,5
Phillippe Coutinho se movimentou muito: 6
Firmino ficou devendo, mas causou o segundo gol: 6
Neymar é Neymar: 8
Fernandinho, Diego Souza e William entraram no fim: sem notas
Tite completou sua sétima vitória consecutiva nas eliminatórias: 8,5.
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