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Blog do Juca Kfouri

O que significa o ouro para o futebol brasileiro

Juca Kfouri

20/08/2016 22h32

A medalha de ouro ganha no Maracanã enlouquecido com a vitória não significa a redenção de nosso futebol, nem sequer uma revanche sobre a Alemanha.

Mas significa o refazer de um vínculo com a Seleção Brasileira, medida fundamental para reconduzi-la ao caminho das vitórias.


Quem viu e ouviu e sentiu o Maracanã cantando "olê, olê, olá, Neymar, Neymar", não pode ter dúvida sobre o quanto o torcedor brasileiro andava carente.

Quem ouviu o estádio gritar que Weverton é o melhor goleiro do Brasil, sendo ele do Atlético Paranaense, entenderá a importância dessa medalha inédita.

Medalha que não empalidece em nada as demais 17 conquistadas pelo tiro, boxe, pelo judô, pela natação, vôlei e vôlei de praia, ou pela canoagem e pela vela.

Medalhas somam, não subtraem.

Se Tite pegou uma herança maldita de Dunga e Gilmar Rinaldi, começou a transformá-la em ouro ao deixar quem merecia comandá-la.


E Rogério Micale não só não decepcionou como transformou miséria em riqueza.

Lembre que seria Dunga com sua carranca de maus bofes quem estaria à frente do time olímpico.

Ignorar o bem que tudo isso possa fazer ao nosso futebol não é coisa de quem goste de futebol.

De quem até acha que o problema do futebol brasileiro é Neymar.

Ora, dane-se o Marco Polo que não viaja ou o que o Neymar diz ou deixa de dizer.

Interessa que ele bata falta como a do gol na Alemanha e que bata pênaltis com a precisão demonstrada na última cobrança, aquela que valeu ouro.

Porque só que falta agora é nós acharmos que ganhar uma medalha olímpica possa fazer mal.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/