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Blog do Juca Kfouri

Golpe em Brasília!

Juca Kfouri

04/08/2016 17h53

Quando o primeiro terminou no estádio Mané Garrincha, 26º C, apenas 34% de umidade, e com uma torcida gelada, o 0 a 0 entre Brasil e África do Sul era injusto com o jogo, apesar de um gramado lastimável, verdadeiro areião, como que para justificar o nome arena, verdadeiro absurdo, vergonhoso.

Que merecia um 3 a 3 se todas as oportunidades criadas tivessem sido aproveitadas, as africanas mais por falhas defensivas brasileiras e as brasileiras bem evitadas pelo veterano goleiro Khune ou, uma, desperdiçada por Gabriel Jesus.

A primeira chance contudo foi africana e Weverton a evitou depois de bola perdida no meio de campo e bobeada de Rodrigo Caio.


Neymar acertara dois belos chutes, mas errara passes fáceis e Felipe Anderson parecia pesado por jogar em sua cidade, diante de sua família.

Os bafana bafana, garotos no dialeto zulu, não se intimidaram e jogaram de igual para igual assim como, no jogo anterior, os iraquianos foram até melhores que os dinamarqueses.

A verdade é que, ao menos no primeiro tempo, quase nada do que Rogério Micale queria foi mostrado pelo time, porque, como se sabe, na teoria a prática é outra.

A se destacar a lealdade do jogo olímpico, com poucas faltas, a primeira delas só aos 15 minutos de jogo.

O segundo tempo começou no mesmo diapasão: em três minutos uma chance para cada time.

É o jogo ficou menos amigável.

Os bafana bafana, meninos em zulu, cresciam e os canarinhos se enervavam com o princípio de vaia.

Aos 59, o árbitro espanhol que por conhecer Neymar não se deixava enganar por ele, deu o segundo cartão amarelo para Mvala que deixou a África do Sul com 10.

Micale tirou Felipe Anderson e pôs Luan no jogo.

Quatro atacantes contra um time com um a menos começaram uma blitz interminável.

Aos 66, saiu Renato Augusto e entrou Rafinha.

Daí por diante, segundo Micale em entrevista ontem, só chamando Jesus Cristo.

Talvez, porque o outro Jesus, Gabriel, mandou na trave um passe de Luan de maneira incrível, no gol mais feito da Olimpíada 16.

O gol brasileiro parecia iminente, mas não saía.

Aos 74 foi a vez de Gabriel perder gol na defesa do goleiro.

Com um a mais só dava Brasil, estava divertido, mas estava sofrido.

O tempo passava e o time sentia o golpe em Brasília.


Aos 85, em vez de Jesus Cristo, William entrou no lugar de Douglas Santos.

Não teve jeito: o 0 a 0 permaneceu, pesadelo no sonho de ouro.

E Neymar será o culpado…

O povo vaiou no Mané Garrincha.

Haverá por que temer?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/