Golpe em Brasília!
Quando o primeiro terminou no estádio Mané Garrincha, 26º C, apenas 34% de umidade, e com uma torcida gelada, o 0 a 0 entre Brasil e África do Sul era injusto com o jogo, apesar de um gramado lastimável, verdadeiro areião, como que para justificar o nome arena, verdadeiro absurdo, vergonhoso.
Que merecia um 3 a 3 se todas as oportunidades criadas tivessem sido aproveitadas, as africanas mais por falhas defensivas brasileiras e as brasileiras bem evitadas pelo veterano goleiro Khune ou, uma, desperdiçada por Gabriel Jesus.
A primeira chance contudo foi africana e Weverton a evitou depois de bola perdida no meio de campo e bobeada de Rodrigo Caio.
Neymar acertara dois belos chutes, mas errara passes fáceis e Felipe Anderson parecia pesado por jogar em sua cidade, diante de sua família.
Os bafana bafana, garotos no dialeto zulu, não se intimidaram e jogaram de igual para igual assim como, no jogo anterior, os iraquianos foram até melhores que os dinamarqueses.
A verdade é que, ao menos no primeiro tempo, quase nada do que Rogério Micale queria foi mostrado pelo time, porque, como se sabe, na teoria a prática é outra.
A se destacar a lealdade do jogo olímpico, com poucas faltas, a primeira delas só aos 15 minutos de jogo.
O segundo tempo começou no mesmo diapasão: em três minutos uma chance para cada time.
É o jogo ficou menos amigável.
Os bafana bafana, meninos em zulu, cresciam e os canarinhos se enervavam com o princípio de vaia.
Aos 59, o árbitro espanhol que por conhecer Neymar não se deixava enganar por ele, deu o segundo cartão amarelo para Mvala que deixou a África do Sul com 10.
Micale tirou Felipe Anderson e pôs Luan no jogo.
Quatro atacantes contra um time com um a menos começaram uma blitz interminável.
Aos 66, saiu Renato Augusto e entrou Rafinha.
Daí por diante, segundo Micale em entrevista ontem, só chamando Jesus Cristo.
Talvez, porque o outro Jesus, Gabriel, mandou na trave um passe de Luan de maneira incrível, no gol mais feito da Olimpíada 16.
O gol brasileiro parecia iminente, mas não saía.
Aos 74 foi a vez de Gabriel perder gol na defesa do goleiro.
Com um a mais só dava Brasil, estava divertido, mas estava sofrido.
O tempo passava e o time sentia o golpe em Brasília.
Aos 85, em vez de Jesus Cristo, William entrou no lugar de Douglas Santos.
Não teve jeito: o 0 a 0 permaneceu, pesadelo no sonho de ouro.
E Neymar será o culpado…
O povo vaiou no Mané Garrincha.
Haverá por que temer?
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/