A velha, pobre e surrada mulher de César
A excelente reportagem dos companheiros Danilo Lavieri, Marinho Saldanha e Vinicius Segalla (AQUI), que revela ser de amigos de Dunga e Gilmar Rinaldi o hotel em que a Seleção Brasileira ficou antes de ir para o Paraguai, remete a um velho costume deletério da CBF e de governos pelo Brasil afora.
Não se discute se o local é apropriado ou não — e tudo indica até que é.
Discute-se a promiscuidade.
A mesma que causa tantas dores de cabeça aos ex-presidentes Lula e FHC, para ficar apenas neles.
Será que não existe outra solução isenta, outro hotel, sem levantar suspeitas?
A desculpa de Rinaldi é bizarra: "Escolhemos o hotel em janeiro. O Lúcio foi escolhido como auxiliar faz uma semana".
Ora, o ex-zagueiro Lúcio, um dos donos do hotel, e o próprio hotel, existem faz tempo e não desapareceriam de uma hora para outra, um é pessoa física, o outro jurídica, mas se misturam.
O ponto é que a escolha do hotel de Lúcio foi feita sabendo-se que o hotel era de Lúcio — com o perdão da redundância, da repetição.
Nem que ele não fosse escolhido como auxiliar alteraria a constatação da relação promíscua, suspeita.
Fica claro que Rinaldi e Dunga não aprenderam nada com Marco Polo Del Nero.
Nem com uma CPI do Futebol em andamento.
Eles ignoram que à mulher de César, esta pobre coitada, não basta ser honesta, precisa parecer honesta.
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