Topo

Blog do Juca Kfouri

Signatário de acordo falso chefia a Seleção na Argentina

Juca Kfouri

23/10/2015 12h34

O deputado federal Marcus Vicente (PP-ES) será o chefe da delegação brasileira nos jogos contra a Argentina e o Peru.

Ele é o parlamentar que consultou a Câmara sobre a possibilidade de acumular os postos de deputado e presidente da CBF (ele é um dos vices) e é também personagem da reportagem transcrita abaixo, dois dias atrás:

  

 
Justiça considera falso acordo entre CBF e a Desportiva Ferroviária
Dirigentes assinaram acordo abrindo mão de pedido de indenização milionária em processo referente à vaga para a Série C de 2004

Por Eduardo Dias

A Justiça do Espírito Santo considerou falso um acordo feito entre a CBF, Federação de Futebol do Espírito Santo e a Desportiva Ferroviária em um processo que corre desde 2004, com um pedido de indenização milionário por conta da não participação da Desportiva Capixaba na Série C do Brasileirão. O Gazeta Esportes teve acesso ao documento:

O juiz Jaime Ferreira de Abreu, da 3ª Vara Cível de Vitória, manteve a decisão de outras instâncias, que condena a entidade máxima do futebol brasileiro a ressarcir a Desportiva Capixaba S/A, clube-empresa fundado em 1999, mas que está com suas atividades paralisadas desde 2011. Em 2004, a diretoria da equipe ajuizou uma ação por ter ficado fora da terceira divisão do Brasileiro.

Na época, a FES indicou Rio Branco e Desportiva Capixaba como representantes do Estado na disputa da Série C daquele ano. Serra e Estrela, respectivamente campeão e vice do Capixabão 2004, entraram com recurso no Tribunal Justiça Desportiva (TJD) reivindicando as vagas. Dias antes da competição começar, a Justiça deu ganho de causa para Estrela e Serra.

Dias depois, alegando prejuízos, uma vez que o elenco para a disputa da competição já estava montado, a diretoria da Desportiva Capixaba entrou com pedido de indenização contra a CBF.

O processo estava transitando no STJ quando, em julho de 2013, o então presidente da FES Marcus Vicente; o ex-presidente da CBF, José Maria Marin (e que atualmente está preso na Suíça); o presidente da Desportiva Ferroviária, Wilson de Jesus; e Carlos Eugênio Lopes, diretor jurídico da CBF, protocolaram petição abrindo mão do pedido de indenização feito em 2004 e pedindo arquivamento do processo.

Tal acordo foi contestado pelo Grupo Villa-Forte & Oliveira Empreendimentos e Participações S/A, sócio majoritário da antiga Desportiva Capixaba. Para o grupo, representantes da Ferroviária não poderiam assinar o acordo sem consultá-los.
"Fizeram um acordo falso acreditando na impunidade. A gente espera que a Justiça apure a gravidade dos fatos. Ignoraram o direito dos honorários dos advogados que atuaram na causa durante anos no Espírito Santo", opinou Leila da Paixão de Barros, advogada que representa os interesses da Desportiva Capixaba.

No último dia 7 de outubro, o Juiz Jaime Ferreira Abreu da 3ª Vara Cível de Vitória decidiu pela anulação do acordo de arquivamento firmado em 2013, sendo assim o processo volta para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde será julgado e uma provável indenização será imposta.

O juiz explica na sua decisão o imbróglio e diz que percebeu que não poderia considerar o documento apresentado.

"Chego a essa conclusão depois de perceber que o acordo sob análise foi celebrado com data de 03 de julho de 2013, mas naquela data, pela leitura do processo, a Ferroviária já havia se retirado da Desportiva Capixaba S/A. Impõe concluir que na data em que o acordo foi celebrado, a Ferroviária não mais representava os interesses da Desportiva Capixaba".

Outro lado

Em contato com o GazetaEsportes.com, o atual vice-presidente da CBF e deputado federal Marcus Vicente falou sobre o assunto. E respondeu sobre insinuações de um dos representantes da Desportiva Capixaba, o advogado Aclizio Calazans, que insinuou que a Ferroviária abriu mão da indenização em troca de favores da CBF.

O advogado também lembrou que, meses depois da assinatura do documento, a Desportiva recebeu treinos da delegação da Austrália para a Copa do Mundo, no Estádio Engenheiro Araripe.

"Sem comentários. Estas insinuações são descabidas e mentirosas. Respeito a todos. Mas isto é um absurdo. Só pra quem não me conhece", opinou Marcus Vicente.
O ex-presidente da Federação de Futebol do Espírito Santo ainda defendeu o presidente da Ferroviária, também envolvido no caso.
"Posso falar por mim. E afirmo e sei que o senhor Wilson de Jesus (presidente da Desportiva Ferroviária) é um homem de bem e do bem", afirmou.

Em nota, a diretoria da Desportiva Ferroviária informou não irá responder sobre o caso até ter conhecimento total da decisão da Justiça no processo movido pela Desportiva Capixaba – instituição com dissolução decretada pela mesma -. Juntamente com seu departamento jurídico, a Desportiva Ferroviária vai analisar o processo e se posicionar assim que necessário.

Procurada, a CBF afirma que nada falsificou ou fraudou e que ainda não foi notificada.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/