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Blog do Juca Kfouri

Empate no xadrez em Itaquera

Juca Kfouri

09/09/2015 23h55

Quem gosta de futebol como sinônimo de emoção, chances de gol, jogadas agudas dentro das áreas, se decepcionou com o que Corinthians e Grêmio fizeram durante todo o primeiro tempo na arena alvinegra tomada, com mais de 30 mil torcedores.

Já quem gosta de de analisar o comportamento tático de dois times gostou, e muito, do jogo.

Jogo de xadrez, espaço disputado palmo a palmo entre as duas intermediárias, com o Grêmio impedindo que os donos da casa se impusessem, exatamente como fez no Mineirão, contra o Galo.


Não houve o que tirasse o zero do placar e, na verdade, apenas o tricolor gaúcho teve uma chance mais clara, nos pés de Pedro Rocha, que bateu cruzado na saída de Cássio, mas para fora.

Defesa mesmo os goleiros não tiveram que fazer nenhuma.

O Corinthians perdeu o lateral-esquerdo Guilherme Arana ainda aos 15, machucado, substituído por Yago, zagueiro-central, pois não tinha um especialista para usar.

E o Grêmio perdeu, pelo mesmo motivo, aos 39, o zagueiro Geromel, trocado por Rafael Thyere.

Quando chegou o intervalo o Corinthians estava apenas três pontos à frente do Galo e seis adiante do Grêmio.

O duelo entre os dois Mosqueteiros, cada um com cinco desfalques, era daqueles de quem sabe que um vacilo seria fatal.

Um por todos, todos por um ponto era pouco para quem queria manter a vantagem confortável na tabela ou buscava se aproximar dos líderes.

Uma densa neblina esfumaçava o gramado de Itaquera como se fosse o famoso fog londrino.

O Grêmio começou o segundo tempo outra vez melhor em campo, criando duas boas chances nos primeiros cinco minutos, com Wallace e com Bobô.

Na defesa, os gaúchos tomavam a bola dos paulistas como quem tira doce da mão de crianças.

E. aos 13, uma reposição estabanada de Edílson bateu nas costas de Douglas e proporcionou a outros dois ex-corintianos, Marcelo Oliveira e Bobô, do primeiro para o segundo, o justo gol gremista: 1 a 0.

O Brasileirão estava reaberto, com apenas dois pontos entre líder e vice-líder e apenas três entre o primeiro e o terceiro colocados.

Rildo foi chamado para o lugar de Malcon.

O Grêmio repetia a excelente atuação contra o Galo e jogava como se fosse uma decisão.

E era, pelo menos para as suas pretensões.

Bobô ainda fez mais um, mas em impedimento.

Aos 20, Jadson pôs a bola na área com a sabedoria de que é capaz e Renato Augusto, como um centro-avante, subiu no meio da zaga gremista e empatou.

O chamado gol achado, mas muito bem achado.

Tudo que o Grêmio trabalhou para fazer seu gol o Corinthians não precisou trabalhar para fazer o dele.

Tite suspendeu a entrada que preparava de Danilo, apesar de mais uma apresentação apagada de Vagner Love.

Aos 29, Rildo entrou entre os dois zagueiros gremistas e soltou uma bomba que Tiago desviou milagrosamente para ver a bola bater na trave.

Danilo entrou aos 30, mas no lugar de Marciel.

Bobô e Pedro Rocha saíram para as entradas de Vitonho e Yuri Mamute, aos 37.

Tinha muito jogo pela frente.

Aos 39, Douglas começou maravilhosamente uma jogada de calcanhar, mas a terminou mal mandando a bola nas nuvens, na cara do gol.

Segundos antes, Vagner Love protagonizou um lance duvidoso na entrada da área gremista.

Derrubado? Em cima da linha? Não foi falta? Ou terá sido pênalti?

O apitador respondeu não, não, não e não!

O 1 a 1 acabou bom para os dois, mas o Grêmio pareceu mais feliz, porque, afinal, fora de casa.

Melhor ainda para o Galo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/