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Blog do Juca Kfouri

Três gols dão o tri ao River

Juca Kfouri

05/08/2015 23h49

  
O que se viu no frenético Monumental de Nuñez durante os primeiros 43 minutos da decisão da Libertadores entre River Plate e Tigres?

Pouco, pouquíssimo futebol, invariavelmente apresentado pelo time mexicano, e muita, muita violência, tanta que em meia hora houve cinco cartões amarelos, curiosamente apenas um para os argentinos.

Possibilidade de gol só duas vezes, mas Rafael Sóbis matou mal a bola na primeira e o francês Gignac bobeou na segunda.

Aquino, o mexicano que infernizou o Inter, inexistia, desaparecido em Buenos Aires.

Aí, aos 44, Leonel Vangione deu uma caneta nas imediações da intermediária e cruzou na cabeça de Alario que fez 1 a 0, num belíssimo gol, desses destinados a fazer parte da história de um clube. O River estava na frente.

Como é sabido, um gol nessa altura de um jogo tem o dom de desnortear quem o recebe e muda completamente os planos de um treinador com discurso já pronto para o intervalo.

O que era um empate até cômodo para os visitantes passa a ser a derrota que precisa ser contornada.

Chovia tudo que pode chover e o River voltou para o segundo tempo ainda mais com a faca entre os dentes.

O tricampeonato não era um sonho, era uma imposição.

Em 10 minutos, mais dois cartões amarelos, ambos para o River.

Aos 22 minutos, Aquino cabeceou o empate por cima do gol. Indesculpável.

Aos 27, Carlos Sanchez foi derrubado na área e fez o 2 a 0 ao bater o pênalti que confirmou o tri, o 24º título argentino, sete a mais que o futebol brasileiro, e manteve o mexicano virgem de Libertadores em sua terceira decisão, para sorte da taça que terá seu campeão no Mundial de Clubes.

Menos técnico que o Tigres, o River ganhou o título porque teve mais coração e ainda fez 3 a 0 entre as canetas do goleiro Gusmán, em cabeçada de Funes Mori. 

Conquista indiscutível.

Se você comparar a decisão da Libertadores com a da Liga dos Campeões, entre Barcelona e Juventus, a diferença técnica é abissal.

Assim como o comportamento da torcida, muito mais vibrante na Argentina.

  

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/